terça-feira, 28 de outubro de 2014

Jesus escolheu doze entre eles. (Lc 6,13)

Após uma noite passada em oração, Jesus chamou os discípulos e escolheu doze de entre eles. Missão difícil, uma vez que toda e qualquer escolha representa sempre um risco, uma aposta num desconhecido.
Jesus não sabe de antemão qual o futuro da sua escolha, os resultados da eleição que realiza entre os seus discípulos e seguidores. Cada um é um mundo, e um mundo no qual a liberdade pode alterar toda a expectativa e esperança.
Tal como nós, Jesus sabe que os discípulos esperam e desejam um Messias vencedor, alguém que provoque a alteração necessária à mudança de vida. Estas aspirações vão estar presentes no seguimento e vão marcar a relação mesmo depois da morte na cruz.
Contudo, o caminho e o processo de seguimento dos discípulos é igual ao nosso, uma vez que todos os caminhos devem passar pela cruz e pela aceitação do aniquilamento do Mestre, pois só dessa forma se poder aceder a uma outra compreensão da missão de Jesus, da nossa própria missão.
A escolha de Jesus passa pela cruz e portanto essa escolha é também o sinal de marca que determina todos aqueles que o seguem. Seguir com a cruz é o apelo e o convite deixado por Jesus a todos os que escolhe.
Demasiada loucura, ou extraordinário amor, porque tomar a cruz, qualquer cruz, e seguir em frente é colocar-se nas mãos de um outro, significa entregar-se à fragilidade e limitações próprias e confiar, confiar sempre que não se está só.
A experiência e a cruz de Jesus mostram-nos que nesta fraqueza e debilidade, quando caímos sob o peso da cruz, o Senhor da cruz nos levanta, pois estamos nas suas mãos, estamos guardados pelo seu amor e nesse amor Ele não abandona nenhum daqueles que chamou e em quem confiou.
Eleitos de Deus, objectos de um amor incondicional, procuremos levar a cruz, confiantes que ela é já carregada por alguém que nos precede, que a leva connosco e por nós quando nos faltam as forças.

 
Ilustração: “O Apóstolo Simão”, de Anthony van Dyck, J. Paul Getty Museum.

1 comentário:

  1. Caro Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu levou-me pela profundidade e síntese do mesmo a reflectir na Palavra e na acção de Jesus e no Seu seguimento. É um texto de uma grande potência que nos leva à confiança na fé, à necessidade e ao valor da oração, à análise do nosso interior e das nossas fragilidades mais ou menos visíveis, a saber correr o risco de estar aberto a novas relações, à abertura e aceitação do Amor de Deus, a compreender que a cruz de cada um de nós é mais leve, porque a carregamos com Jesus que nos alivia.
    Como nos salienta ...” A experiência e a cruz de Jesus mostram-nos que nesta fraqueza e debilidade, quando caímos sob o peso da cruz, o Senhor da cruz nos levanta, pois estamos nas suas mãos, estamos guardados pelo seu amor e nesse amor Ele não abandona nenhum daqueles que chamou e em quem confiou.”…
    Grata, Frei José Carlos, pela força e coragem que as palavras partilhadas nos transmitem, por recordar-nos que …” A escolha de Jesus passa pela cruz e portanto essa escolha é também o sinal de marca que determina todos aqueles que o seguem.”…
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Continuação de uma boa semana, com paz, alegria e confiança.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

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