Jesus encontra-se na
sinagoga a ensinar e sem que nada o tenha previsto aparece por lá uma mulher
curvada, uma mulher enferma havia já dezoito anos. É uma mera coincidência, a
mulher vem apenas pela sua rotina, no cumprimento dos seus preceitos religiosos.
Colocando nela os
olhos Jesus toma a iniciativa de a chamar e de a livrar da enfermidade, sem lhe
perguntar da sua disposição ou vontade. É Jesus que toma a iniciativa, pois no
seu amor não pode suportar o sofrimento do outro, não pode ver humilhada aquela
mulher curvada sobre si mesma.
O milagre e a cura
provocam a indignação do chefe da sinagoga, perturbado pela quebra do protocolo
instituído, mas provocam na multidão uma grande alegria pela maravilha
realizada. A multidão no seu anonimato e pobreza percebe a novidade, percebe a
libertação e a nova vida que é possibilitada àquela mulher.
Sem que o saiba, a
multidão partilha da alegria celeste, da alegria que brota do processo de
libertação que ocorre com toda a humanidade e de que aquele milagre é apenas
mais um testemunho, mais um sinal.
Naquela mulher Jesus
manifesta a libertação da humanidade, manifesta a elevação de todos os homens e
mulheres, que a partir do mistério da redenção pode já olhar Deus de olhos nos
olhos, de frente, pois foi-lhe restituída a dignidade da semelhança.
A alegria da multidão
deve ser assim a nossa alegria, pois sabemo-nos libertados; e sabemos também
que nenhuma lei, nenhum preceito ou obrigação ainda que religiosa se pode
interpor ou impedir a manifestação do amor de Deus por todos nós.
A alegria daquela mulher e do povo circundante não tem que ser a nossa ao sentir a manifestação do amor de Deus nas pequenas como nas grandes coisas? Precisamos saber agradecer àqueles que nos dão estes testemunhos. Inter pars
ResponderEliminarCaro Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos recorda no texto da Meditação que intitulou “Mulher estás livre!” (Lc 13,12) ...” sabemo-nos libertados; e sabemos também que nenhuma lei, nenhum preceito ou obrigação ainda que religiosa se pode interpor ou impedir a manifestação do amor de Deus por todos nós”… Porém, no peregrinar da vida, pergunto-me quantas vezes, não contribuimos para a insignificância do nosso próximo, como o chefe da sinagoga, de tal forma, que o outro parece ter deixado de existir, vai-se curvando como esta mulher, não o vemos.
Mas também acontece que certamente tivemos e temos a oportunidade de contribuir para que o outro passe a viver com dignidade, deixe de estar curvado, de ser um farrapo humano física, mental e espiritualmente. … E, quão frequentemente, posteriormente, a família, os amigos, voltam a redescobrir que afinal o outro continua a existir e está diferente, voltou à vida com a ajuda do Espírito Santo e dos verdadeiros amigos.
Afinal, como estamos carentes do Amor de Deus e do nosso próximo, Frei José Carlos.
Senhor, hoje, peço-Te que me ajudes a dar ao outro, meu irmão, o amor, a amizade, como dom gratuito que no silêncio manifestas por todos nós.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha do texto da Meditação, profunda, que nos ajuda a reflector e nos desassossega. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Um abraço mui fraterno,
Maria José Silva