sexta-feira, 6 de março de 2015

Lançaram-no fora da vinha! (Mt 21,39)

A lua com a sua luz brilhante convida a sair, a temperatura está suficientemente agradável para um passeio pela marginal junto ao mar ou pelo parque onde brotam já as flores que anunciam a primavera.
Saímos, não para um passeio, mas para um encontro, para uma pequena oração. As mensagens partilhadas durante a tarde via telemóvel convidavam-nos para este momento, desafiavam-nos a sair, a ir ao encontro dos irmãos para um encontro com Deus.
Na luz ténue da capela descobrimos que eramos muitos, cinco, esgotados da semana e de um dia difícil de trabalho. Como saberia bem tirar os sapatos, esticar as pernas, descontrair e já não pensar em nada.
Contudo, se o corpo nos pedia repouso, o espirito queria-nos atentos, alerta, numa retrospectiva do que foi a semana, na qual depois de um minuto de silêncio percebemos todos, sem excepção, que tínhamos lançado o Senhor para fora da nossa vinha.
A parábola dos vinhateiros homicidas é lida quase sempre numa perspectiva da história do Povo de Israel, o próprio texto nos deixa essa ideia; mas esta parábola é também a história da nossa vida, a história das vezes que não acolhemos aqueles que o Senhor nos enviou, do não acolhimento do próprio Filho que o Pai nos envia com carinho e devoção.
Esta noite, nesta oração, simples, pobre, cheia do nosso cansaço, descobrimos o corpo fora da vinha e fomos resgatá-lo, o nosso corpo e o do Filho que o Pai nos enviou.
Depois das distracções da semana, das milhentas tarefas cumpridas e por cumprir, da velocidade de tudo o que fizemos, encontrámo-nos com a paz que o Senhor nos traz, com a alegria do silêncio e de estar juntos, com o prazer de estar parados, entregues ao amor do Pai.
Louvado sejas meu bom Jesus por este final de dia e de semana, por encontrar o teu corpo lançado fora da vinha no meu corpo cansado de tantas solicitações e trabalhos. Que o teu corpo ferido cure o meu corpo cansado.

 
Ilustração:
“Cristo Jacente”, de Juan António de Frias y Escalante, Museu do Prado, Madrid.

4 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que partilhou leva-me a reflectir como cada um de nós vai vivendo este tempo de Quaresma e, em especial, as sextas-feiras. Procuramos estar cada vez mais próximos de Cristo, fazendo a caminhada com Ele, indo ao encontro com Deus. E, por muito diferentes que sejam as histórias pessoais, os contextos em que vivemos, as dificuldades com que nos defrontamos, por vezes, a constatação que fazemos é a mesma: o que nos pede o corpo e a pulsão do espírito que nos desafia.
    Como afirma ...” se o corpo nos pedia repouso, o espirito queria-nos atentos, alerta, numa retrospectiva do que foi a semana, na qual depois de um minuto de silêncio percebemos todos, sem excepção, que tínhamos lançado o Senhor para fora da nossa vinha.”…
    Mas Frei José Carlos vai mais além e recorda-nos que não importa o tempo, o lugar, o estado em que nos encontramos para resgatar ...” o nosso corpo e o do Filho que o Pai nos enviou”. …
    Um grande obrigada, Frei José Carlos, pela partilha do texto da Meditação, profunda, intemporal, que nos desinstala. A leitura da mesma foi uma grata surpresa e uma espécie de lenitivo para o corpo e para o espírito! Bela imagem! Bem-haja.
    Louvemos o Senhor e que o corpo ferido de Jesus cure todos os corpos cansados e feridos, não importa o lugar e o tempo em que se encontram.
    Bom descanso. Continuação de boa caminhada Quaresmal.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar
  2. Obrigado por esta partilha. Demos graças a Deus por estes momentos possíveis em que encontramos "o corpo fora da vinha " e o retiramos para cuidarmos dele e lhe darmos nova esperança e nova alegria.
    Não será um compromisso a ter e viver durante esta quaresma? Mais fins de tarde como esse são graças a aproveitar Inter pars

    ResponderEliminar
  3. Frei José Carlos,

    Ao ler o texto fiquei maravilhada com a surpresa da Meditação, tão profunda que nos ajuda na nossa caminhada espiritual da Quaresma.Obrigada,Frei José Carlos,pela bela partilha que nos encoraja a prosseguir-mos, em frente no caminho de conversão em nossas vidas . Gostei muito da ilustração . Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.Votos de um bom fim de semana.Um bom descanso.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

    ResponderEliminar
  4. A caminhada creio nos conduz à conversão, por fim ao encontro espiritual é tão importante como é a Quaresma, pois ao partilhar a conexão, com o mundo, visão de erguer a emoção e a história são palavras de grande fraternidade, dos cristãos com os nossos profetas, e os que caminham, na peregrinação onde o Senhor chega pode estar o coração do mais humilde, e aos pobres responder numa atitude frente na resposta fiel de se ser cada vez mais em votos de fraterna responsabilidade, e encorajar as maravilhas de que só mesmo a surpresa e a reflexão nos caminhos da vida.

    ResponderEliminar