sexta-feira, 27 de março de 2015

Sendo homem te fazes Deus! (Jo 10,33)

Uma vez mais as pedras estão nas mãos, um ódio de morte trespassa os olhos daqueles homens que diante das palavras apenas encontram uma blasfémia:
“Tu sendo homem te fazes Deus”!
Que escândalo para os ouvidos e para os corações empedernidos, um homem que se quer fazer Deus, mas que alegria e que paz para aqueles que buscam a verdade, que de coração contrito procuram a fonte que pode saciar a sua sede e aliviar a sua dor.
Sagrada blasfémia que nos abre a porta e nos conduz de regresso à nossa verdadeira identidade, que nos abre os olhos para o Pai que nos espera de braços abertos desde toda a eternidade.
Desta forma não podemos deixar de assumir como nossa e de a procurar viver em toda a sua radicalidade esta blasfémia de Jesus. Também nós temos que assumir diante dos homens e face às pedras que matam que somos deuses, que também a nós o Pai se dirige nos dizendo, “sois meus filhos muito amados”.
Somos deuses porque fomos criados à sua imagem e semelhança, somos deuses porque o seu Espirito habita em nós, somos deuses porque no nosso coração e na nossa vida a força do amor nos conduz, somos deuses porque o Verbo habitou a nossa carne e restaurou em nós a face divina desfigurada pelo pecado, somos deuses porque Deus nos ama infinitamente.  
E na nossa carne limitada e finita, nos nossos corpos tantas vezes desfigurados e abandonados, ultrajados ou violentados, tal como no corpo de Jesus exposto na cruz aos olhares dos algozes, somos desafiados a encontrar-nos com a nossa divinidade, a nossa e a dos nossos irmãos.
O convite a contemplar a cruz na Semana Santa que se aproxima, o rosto desfigurado de Jesus e o seu corpo suspenso na cruz, é um convite a fazer a experiência do esplendor e da vida divina que se esconde sobre os andrajos da nossa humanidade, a vê-la presente quando aos nossos olhos parece ausente.

Ilustração:
“Jesus carregando a cruz”, de Niccolò Frangipane, Museu Carmen Thyssen, Málaga.

3 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    Elevar-nos ...”à nossa verdadeira identidade” é como nos recorda, é levar cada um de nós a …” assumir diante dos homens e face às pedras que matam que somos deuses, que também a nós o Pai se dirige nos dizendo, “sois meus filhos muito amados”.”…
    E, como nos exorta, ...”somos desafiados a encontrar-nos com a nossa divinidade, a nossa e a dos nossos irmãos.”…
    Um grande obrigada, Frei José Carlos, pela partilha do texto da Meditação, profunda, que nos desafia, cuja reflexão nos conduz a ver o invisível, porque no convite que nos dirige, importante e que nos dá confiança e esperança, ...” contemplar a cruz na Semana Santa que se aproxima, o rosto desfigurado de Jesus e o seu corpo suspenso na cruz, é um convite a fazer a experiência do esplendor e da vida divina que se esconde sobre os andrajos da nossa humanidade, a vê-la presente quando aos nossos olhos parece ausente,” como nos salienta.
    Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Votos de um bom dia, com paz, alegria, confiança e esperança.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

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  2. um abraço de parabéns e votos de um bom dia!
    João H

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  3. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe a bela e maravilhosa partilha deste texto que propôs para Meditação.Profundo e esclarecedor nas suas palavras e pela sua ilustração.Saibamos aceitar o convite,como nos diz o Frei José Carlos no texto e,contemplar a cruz na Semana Santa que se aproxima,o rosto desfigurado de Jesus e o seu corpo suspenso na cruz,é um convite a fazer a experiência do esplendor e da vida divina que se esconde sobre os andrajos da nossa humanidade,a vê - la presente quando aos nossos olhos parece ausente.Obrigada,Frei José Carlos,gostei muito desta reflexão.Que o Senhor o ilumine o abençoe e o ajude.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

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