terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Revelação aos pequeninos - Lc 10,21

O Advento é um tempo de caminhada, de nos pormos em caminho e a caminho para o Natal do Senhor. É um tempo para dar passos, um de cada vez, comos os pequeninos que balançam em cada novo ensaio de um passo, porque afinal é aos pequeninos que são reveladas as verdades que são escondidas aos sábios e inteligentes.
O Advento é um tempo para sermos pequeninos, vivermos humildemente, à semelhança daquele que se fez humilde para se encontrar connosco, porque é pela humildade que somos atraídos[1], é na humildade que Deus se encontra connosco e se une a nós.
Ser pequeno e ser humilde é literalmente ser alguém sem voz, é ser alguém que não sabe como exprimir em palavras o que lhe é dado conhecer e viver, o que lhe foi revelado.
Jesus chama bem-aventurados os seus discípulos porque vêem o que muitos quiseram ver e ouvem o que muitos quiseram ouvir, mas apesar disso falta-lhes as palavras, são incapazes de dizer do mistério que presenciam e vivem. Experimentam qualquer coisa de indizível e para o qual as palavras são demasiado opacas e diminutas.
Felizes seremos quando nesta caminhada de Advento pressentirmos qualquer coisa do indizível, qualquer coisa do mistério de Deus, ainda que as palavras nos faltem ou nos façam sentir ignorantes, apesar da incapacidade de um balbuciar. Nesse rubor da pele ou fremir do coração o Eterno faz-se próximo, toca-nos, Deus humildemente vem ao encontro da nossa pequenez. Deixemos que nos toque e que nos guie nos caminhos que só Ele conhece.

 
Ilustração:
Primeiros passos, Vincent van Gogh, Metropolitan Museum of Art, Nova York.



[1] Cf. Papa Francisco – Admirabile  signum, nº 1.

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