As leituras deste domingo colocam-nos perante uma realidade inquestionável da vida humana, da nossa condição de homens e mulheres. Somos movidos em muitos dos nossos actos por um desejo violento de poder que habita em nós, desejo esse que como escutávamos na leitura do Livro da Sabedoria leva mesmo à maquinação do extermínio do outro.
E muitas vezes, e na história da humanidade, este extermínio é concebido apenas porque o outro tem uma forma diferente de estar na vida, de ver as coisas, de se comprometer diferentemente com as realidades humanas e divinas. A diferença atenta ao nosso desejo de poder, porque a diferença se subtrai aos valores e padrões pelos quais nos regemos e queremos reger os outros.
São as paixões de que nos fala também São Tiago na sua Carta, essas paixões que muitas vezes entram em conflito no nosso próprio ser e por isso nos fazem ser ainda mais violentos, porque insatisfeitos connosco próprios e com as nossas limitações e finitudes.
Estes desejos e paixões estão patentes de forma diversificada no relato do Evangelho de São Marcos que acabámos de escutar.
A violência e o extermínio do outro, pela sua diferença, estão patentes no anúncio que Jesus faz da sua morte. Pela sua forma de vida, pela sua mensagem, pela sua missão messiânica Jesus entra em conflito com as autoridades instituídas que se sentem censuradas pela verdade que anuncia. Não é esse o seu objectivo, nem o seu desejo, mas a própria realidade da verdade da sua diferença provocam e geram esse conflito, essa oposição, e esse desejo violento do seu extermínio e aniquilação.
Jesus tem consciência desta sua situação e por isso prepara os discípulos para o fim que o espera e os espera também a eles, pois também eles mais tarde terão que passar pelo mesmo caminho, também eles serão alvo de desejos violentos de morte pelo simples facto de o terem conhecido, o terem aceite e darem testemunho da sua verdade.
Contudo, estes discípulos que necessitam ser ensinados sobre o fim trágico, sobre uma realidade violenta que é cada vez mais patente, estão preocupados com outra realidade, com o seu desejo de satisfação de poder. Quando tudo indica que as coisas não vão bem, que não se avizinham tempos fáceis, eles continuam centrados no seu desejo de poder e nos lugares de chefia que cada um vai ocupar quando Jesus chegar a Jerusalém e instaurar o governo pelo qual eles tanto anseiam.
O desejo de poder, a vaidades e as suas paixões levam-nos a discutir que lugar ocuparão contradizendo assim tudo o que tinham aprendido até aí do Mestre, contradizendo tudo o que já lhes tinha sido anunciado sobre a real e verdadeira missão daquele que seguiam.
É assim, que Jesus se senta diante deles e lhes volta a recordar através da presença de uma criança qual a sua missão e qual o desejo que deviam procurar satisfazer. É interessante notar que a palavra que traduzimos por criança é a mesma que se utilizava para identificar um jovem escravo. Neste sentido, e à luz desta referência, a apresentação da criança escravo mostra de uma maneira mais intensa e profunda qual a verdadeira missão e a dimensão do poder que se pode alcançar com Jesus.
Como cristãos não podemos estar na vida como senhores, satisfazendo os nossos desejos de poder, que por inerente insatisfação total levam à violência, ao ódio e à morte do outro. Na mensagem de Jesus e à luz das palavras do Evangelho de São Marcos que escutámos hoje temos que estar como crianças, como crianças escravos, que não possuem qualquer poder nem aspiram a ele, porque de facto estão no fim de qualquer hierarquia, de qualquer cadeia de poder, conscientes de que nada lhes vale o desejo de poder.
Mas não aspirar a qualquer poder não é uma solução totalmente viável, porque de facto esse desejo habita em nós e não podemos escamotear a sua realidade e presença efectiva e operante. Assim, temos que procurar que esse desejo se vá transformando, se vá convertendo, de modo a deixar de ser uma pulsão violenta e homicida para se transformar numa pulsão pacífica e geradora de vida.
Para tal, e sabendo que não temos forças suficientes em nós próprios, temos que pedir a ajuda de Deus, como nos recomenda São Tiago temos que pedir, e pedir bem. Temos que pedir que o Senhor nos conceda a sabedoria do alto, uma sabedoria que é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e boas obras.
Temos que pedir, e acolher, o próprio Jesus, porque Ele é a verdadeira sabedoria do alto, sabedoria que se aproximou de nós pela encarnação na Virgem Maria, para que não nos ficasse distante a possibilidade de a alcançar. Ora, isto significa apenas que a sabedoria e a forma de vencermos o nosso desejo de poder se encontra em Jesus, nesse Jesus que sendo todo-poderoso se colocou no meio dos homens como um escravo, uma criança escrava para os salvar.
Neste caminho da conversão do nosso desejo violento de poder não nos resta outra alternativa senão assemelharmo-nos cada vez mais a Jesus de Nazaré, pobre e humilde, dando a vida pelos outros, sabendo e confiando que, como nos diz Isaías, Deus o protegeu e nos protegerá a nós também, porque somos filhos de Deus, nós e Ele.
E muitas vezes, e na história da humanidade, este extermínio é concebido apenas porque o outro tem uma forma diferente de estar na vida, de ver as coisas, de se comprometer diferentemente com as realidades humanas e divinas. A diferença atenta ao nosso desejo de poder, porque a diferença se subtrai aos valores e padrões pelos quais nos regemos e queremos reger os outros.
São as paixões de que nos fala também São Tiago na sua Carta, essas paixões que muitas vezes entram em conflito no nosso próprio ser e por isso nos fazem ser ainda mais violentos, porque insatisfeitos connosco próprios e com as nossas limitações e finitudes.
Estes desejos e paixões estão patentes de forma diversificada no relato do Evangelho de São Marcos que acabámos de escutar.
A violência e o extermínio do outro, pela sua diferença, estão patentes no anúncio que Jesus faz da sua morte. Pela sua forma de vida, pela sua mensagem, pela sua missão messiânica Jesus entra em conflito com as autoridades instituídas que se sentem censuradas pela verdade que anuncia. Não é esse o seu objectivo, nem o seu desejo, mas a própria realidade da verdade da sua diferença provocam e geram esse conflito, essa oposição, e esse desejo violento do seu extermínio e aniquilação.
Jesus tem consciência desta sua situação e por isso prepara os discípulos para o fim que o espera e os espera também a eles, pois também eles mais tarde terão que passar pelo mesmo caminho, também eles serão alvo de desejos violentos de morte pelo simples facto de o terem conhecido, o terem aceite e darem testemunho da sua verdade.
Contudo, estes discípulos que necessitam ser ensinados sobre o fim trágico, sobre uma realidade violenta que é cada vez mais patente, estão preocupados com outra realidade, com o seu desejo de satisfação de poder. Quando tudo indica que as coisas não vão bem, que não se avizinham tempos fáceis, eles continuam centrados no seu desejo de poder e nos lugares de chefia que cada um vai ocupar quando Jesus chegar a Jerusalém e instaurar o governo pelo qual eles tanto anseiam.
O desejo de poder, a vaidades e as suas paixões levam-nos a discutir que lugar ocuparão contradizendo assim tudo o que tinham aprendido até aí do Mestre, contradizendo tudo o que já lhes tinha sido anunciado sobre a real e verdadeira missão daquele que seguiam.
É assim, que Jesus se senta diante deles e lhes volta a recordar através da presença de uma criança qual a sua missão e qual o desejo que deviam procurar satisfazer. É interessante notar que a palavra que traduzimos por criança é a mesma que se utilizava para identificar um jovem escravo. Neste sentido, e à luz desta referência, a apresentação da criança escravo mostra de uma maneira mais intensa e profunda qual a verdadeira missão e a dimensão do poder que se pode alcançar com Jesus.
Como cristãos não podemos estar na vida como senhores, satisfazendo os nossos desejos de poder, que por inerente insatisfação total levam à violência, ao ódio e à morte do outro. Na mensagem de Jesus e à luz das palavras do Evangelho de São Marcos que escutámos hoje temos que estar como crianças, como crianças escravos, que não possuem qualquer poder nem aspiram a ele, porque de facto estão no fim de qualquer hierarquia, de qualquer cadeia de poder, conscientes de que nada lhes vale o desejo de poder.
Mas não aspirar a qualquer poder não é uma solução totalmente viável, porque de facto esse desejo habita em nós e não podemos escamotear a sua realidade e presença efectiva e operante. Assim, temos que procurar que esse desejo se vá transformando, se vá convertendo, de modo a deixar de ser uma pulsão violenta e homicida para se transformar numa pulsão pacífica e geradora de vida.
Para tal, e sabendo que não temos forças suficientes em nós próprios, temos que pedir a ajuda de Deus, como nos recomenda São Tiago temos que pedir, e pedir bem. Temos que pedir que o Senhor nos conceda a sabedoria do alto, uma sabedoria que é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e boas obras.
Temos que pedir, e acolher, o próprio Jesus, porque Ele é a verdadeira sabedoria do alto, sabedoria que se aproximou de nós pela encarnação na Virgem Maria, para que não nos ficasse distante a possibilidade de a alcançar. Ora, isto significa apenas que a sabedoria e a forma de vencermos o nosso desejo de poder se encontra em Jesus, nesse Jesus que sendo todo-poderoso se colocou no meio dos homens como um escravo, uma criança escrava para os salvar.
Neste caminho da conversão do nosso desejo violento de poder não nos resta outra alternativa senão assemelharmo-nos cada vez mais a Jesus de Nazaré, pobre e humilde, dando a vida pelos outros, sabendo e confiando que, como nos diz Isaías, Deus o protegeu e nos protegerá a nós também, porque somos filhos de Deus, nós e Ele.
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