Após as experiências
do baptismo e das tentações no deserto, Jesus regressou a casa, à sua Nazaré querida,
e como habitualmente entrou na sinagoga no dia de sábado e leu o texto do
profeta Isaías para toda a comunidade.
Ao concluir a leitura
afirma diante de todos que a palavra do profeta se cumpre ali, naquele dia, o
que provoca imediatamente a murmuração de todos os presentes, pois todos eles
estavam expectantes, também eles esperavam algo de extraordinário, um milagre,
que os libertasse do conhecimento familiar que possuíam.
Todos os presentes o
conheciam e a sua família estava também ali presente, pelo que era necessário
algo verdadeiramente extraordinário para que pudessem acreditar nele, para que
lhe pudessem dar o estatuto e a condição que Jesus reclamava para si face à
leitura do profeta.
Diante desta
incompreensão e exigência, Jesus socorre-se de dois exemplos, o profeta Elias
que alimentou uma viúva de Sarepta, e o profeta Eliseu que curou o sírio
Naaman, factos que provocam a ira dos presentes, ao ponto de projectarem a
própria morte de Jesus.
No momento de maior tensão,
no clímax da situação, Jesus passa pelo meio deles e segue o seu caminho, deixando-os
entregues às suas dúvidas, à sua incompreensão e ao seu ódio. Não lhes vira as
costas, como poderia pensar-se, mas assume a mesma atitude dos profetas
chamados a testemunho, segue ao encontro daqueles que o acolham.
Diante da falta de fé
daquela gente, Jesus segue o caminho, vai à frente, mostrando que nada o pode
reter, nem mesmo a morte, porque a sua missão é ir à frente, é abrir o caminho,
é realizar a missão que desde o primeiro momento tinha sido confiada ao povo eleito
mas que nunca tinha sido realizada.
Tal como Elias salvou
a viúva de morrer à fome, e Eliseu salvou Naaman de morrer leproso, ambos
estrangeiros e portanto destinatários da missão redentora do povo eleito,
também Jesus segue o seu caminho em direcção àqueles que são considerados
estrangeiros, em direcção àqueles que são o objecto da sua vida, os homens que
necessitam salvação.
Quando Jesus vem ao
nosso encontro também o nosso homem velho se pode revoltar e recusar a acolhê-lo,
pois está demasiado habituado a si próprio. Contudo, Jesus não se retrai nem se
desvia, vem e passa e segue, abrindo-nos o caminho na provocação que nos deixa
de o reconhecermos como o Messias esperado, o Filho de Deus.
Senhor que te saibamos
reconhecer e acolher, e seguir no caminho que nos abres para a Páscoa da
libertação.
Ilustração: “O profeta
Elias e a viúva de Sarepta”, de Bernardo Strozzi.
Que seja esta a nossa oração de cada dia: " Senhor, que te saibamos reconhecer e acolher e seguir no caminho que nos abres..." CR1
ResponderEliminarCaro Frei José Carlos,
ResponderEliminarJesus segue à nossa frente e quando não o seguimos, na Sua infinita misericórdia, espera por todos nós, vem ao nosso encontro. É bom saber isto porque reforça a nossa esperança. E, como nos salienta …” Contudo, Jesus não se retrai nem se desvia, vem e passa e segue, abrindo-nos o caminho na provocação que nos deixa de o reconhecermos como o Messias esperado, o Filho de Deus.” …
Hoje e sempre, façamos nossas as palavras com que Frei José Carlos termina a Meditação e oremos …” Senhor que te saibamos reconhecer e acolher, e seguir no caminho que nos abres para a Páscoa da libertação.”
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, que nos dão confiança e esperança, pela maravilhosa ilustração. Que o Senhor o cumule de todas as bênçãos.
Votos de uma boa semana.Bom descanso.
Um abraço mui fraterno e amigo,
Maria José Silva