quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dialogar é sair de si

 
Não há diálogo sem movimento extático. Quando um sai de si mesmo para chegar ao outro, não deixa de ser o que é, mas empreende uma viagem que não controla, explora terrenos de risco, assume a possibilidade de equivocar-se e de fracassar.
Francesc Torralba Roselló

Ilustração: Caminho do Jardim de Serralves no outono de 2013.

2 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    Leio as palavras de Francesc Torralba Roselló e sorrio enquanto reflicto no que acabei de ler. Há um prelúdio no diálogo que é “acolher o outro” num gesto de humanidade. Pode ser um simples sorriso e, posteriormente, é “saber sair de si”, como nos diz Frei José Carlos. Então, a corrente pode passar para que o diálogo possa acontecer, independentemente da religião ou das ideias que partilhamos, se houver respeito. Pode ser uma conversa feita de coisas simples, tangíveis mas que se reportam à realidade que se conhece ou não. Não são os grandes temas ou os lugares famosos que visitámos que fazem a maioria dos verdadeiros diálogos. Se estivermos abertos ao diálogo é possível a alguém que sempre viveu na cidade chegar a uma aldeia e encetar com alguém que nunca saiu do mundo rural uma conversa longa e que nos preenche e enriquece mutuamente...
    Naturalmente que há riscos. Mas viver não é um risco permanente, Frei José Carlos? Saber correr o risco é saudável e vital, é estabelecer uma ponte, é “descobrir-me no outro, é poder ver um traço da imagem de Deus”. É desafiante. Passamos a maior parte da vida em monólogo, a ouvir-nos!
    Um grande obrigada, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos questionam e desafiam. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Votos de um bom primeiro de Maio com paz, alegria e com as nossas flores campestres e de um bom mês Mariano.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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  2. Realmente o diálogo pressupõe que, "não deixando de ser o que se é" nos abramos ao que o outro é, à novidade ou à dúvida e incerteza que o outro traz e nos "oferece". Podemos sempre enganar-nos, dizer a palavra errada, não encontrar a resposta adequada, mas o ter estado é já motivo para dizer obrigado. E acredito que, se existe diálogo, há sempre enriquecimento e vale a pena correr o risco de " empreender uma viagem que não se controla". Considero uma graça os diálogos que me têm sido proporcionados. Inter Pars

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