terça-feira, 6 de maio de 2014

O medo que nos separa

 
Ser próximo ao outro significa assumir a sua dor como própria, sentir o seu “pathos” como algo que me afecta a mim. Esta experiência faz-nos vulneráveis e, por isso mesmo, profundamente humanos. Contudo, o medo de sofrer, de padecer o que o outro padece, de sucumbir ao mesmo drama, conduz-nos a fortalecer a carapaça que me separa dele, de tal modo que o concebo como alguém distante da minha vida, da minha responsabilidade, dos meus compromissos.
Francesc Torralba Roselló,

Ilustração: Estátua de Eneias carregando o pai no Jardim do Palácio de Queluz.

3 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    Inicio a leitura das palavras sábias de Francesc Torralba Roselló com total concordância e termino com um sorriso amargo de quem com o núcleo familiar mais próximo fez a “experiência do afastamento” no final da infância, em particular “dos amigos dos pais” e de toda a turbulência que se gerou na sequência da morte do pai... Graças a Deus as minhas relações com os outros não foram afectadas, e o “dar-se” reforçou-se. Só a idade adulta permitiu que encontrasse uma explicação para o que nos acontecera e fui conhecendo vivências semelhantes. E, para surpresa, fui tendo a oportunidade de conhecer pessoas que face a uma doença não grave dos “amigos” desapareciam, justificando que não conseguiam lidar com o sofrimento do outro …
    Não é fácil, Frei José Carlos, assumir a “dor do outro como própria, sentir o seu “pathos” como algo que me afecta a mim”… Por vezes, é incompreendida por quem nos rodeia ... Porém , como nos salienta Francesc Torralba Roselló, …”Esta experiência faz-nos vulneráveis e, por isso mesmo, profundamente humanos”…
    Na vida e na morte, há alguém que nunca nos abandona, que caminha sempre connosco e que é Jesus Cristo.
    E, passo a citar Milan Kundera, in “A Imortalidade” …”O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultapassar a uma velocidade sempre crescente.”…
    Um grande obrigada, pelas palavras partilhadas que traduzem de forma singular …” o medo de sofrer, de padecer o que o outro padece, de sucumbir ao mesmo drama”…
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Votos de um bom dia, com paz, alegria e confiança.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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  2. É verdade ! Ser próximo , ser amigo, é estar presente , é assumir como nossos os "males " que afligem os amigos, que os inquietam, que os fazem mesmo parecer distantes. Talvez algumas vezes vestir uma carapaça de falsa indiferença para fazer e dizer o que é necessário. Mas, os amigos, alguma vez se afastam e ficam distantes daqueles que estimam? Não quero acreditar nisso... CR1

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  3. Pessoalmente acredito em que partilhar será tanto possível como a força da palavras às quais acreditamos, e reforçamos segundo Cristo, o inseparável Senhor Salvador da Humanidade, somos então dispostos a realizar desde o seu testemunho palavras e orações, mas também boas-obras cheias de Espírito Santo.

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