As palavras de Jesus
são muitas vezes de difícil interpretação, deixam-nos desconcertados e por isso
não nos pode surpreender que os discípulos tenham tantas vezes compreendido tão
pouco do que Jesus lhes dizia.
Uma das situações em
que nos confrontamos com a dificuldade da compreensão da palavra de Jesus é
quando ele nos diz que não veio estabelecer a paz na terra mas trazer a
divisão, palavras que com toda a certeza deixaram os discípulos desesperados e
desconcertados.
E quando olhamos para
as referências familiares, pais contra filhos e filhos contra pais, podemos
imaginar ainda melhor o desassossego que os discípulos sentiram face a tais
palavras, uma vez que no projecto de seguimento de Jesus havia a ideia de uma
nova família, um conjunto de relações fundadas sobre o amor e construídas na
paz.
Contudo, e como os
primeiros discípulos rapidamente puderam experimentar, Jesus provoca a divisão,
gera o confronto, e não só exterior, face aos outros, mas sobretudo interior,
face às forças que nos escravizam na medida em estão longe da justiça e não nos
conduzem à santidade como diz São Paulo na Carta aos Romanos.
Os Evangelhos, quando
nos referem as aspirações da mãe de Tiago e João, as pretensões de Pedro face à
perspectiva de poder, a tragédia de Judas, não deixam de nos fazer presente
esse conflito, essa divisão provocada por Jesus naqueles que estavam mais
próximos de si.
Diante dela e do
paradoxo face ao mandamento do amor e ao projecto de paz, não podemos deixar de
assumir que se tal divisão existe, se Jesus provoca a divisão, é porque em nós
existe a liberdade e a possibilidade do acolhimento ou da recusa.
Tal como podemos ler
na Carta aos Romanos, nós podemos sujeitar-nos à escravidão dos nossos apetites
ou sujeitar-nos ao dom de Deus, podemos acolher a via que conduz à vida, via de
justiça e de santidade, ou podemos acolher a via que nos leva à morte.
É a nossa liberdade de
opção que gera o conflito, que traça a divisão, pois como nos diz Jesus em uma
outra passagem dos Evangelhos não se pode servir a dois senhores, ou se ama um
ou se ama o outro.
Uma vez que nos é
oferecido em Jesus o dom gratuito de Deus, procuremos pois, e apesar das
dificuldades, acolhê-lo, confiantes que esse mesmo dom garante a força para
prosseguir no caminho da fidelidade e da santificação.
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos salienta no texto da Meditação que teceu, as palavras de Jesus do excerto do Evangelho do dia de hoje (Lc 12, 49-53) ao dizer aos discípulos e a cada um de nós que “não veio estabelecer a paz na terra mas trazer a divisão”, as mesmas são numa primeira leitura, desconcertantes, de “difícil interpretação”. E, Frei José Carlos, na partilha do texto ajuda-nos nessa interpretação ao recordar-nos que …” Diante dela e do paradoxo face ao mandamento do amor e ao projecto de paz, não podemos deixar de assumir que se tal divisão existe, se Jesus provoca a divisão, é porque em nós existe a liberdade e a possibilidade do acolhimento ou da recusa.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, importante, esclarecedora, que nos dá confiança e encoraja a libertar-nos do que nos escraviza, por exortar-nos que …” Uma vez que nos é oferecido em Jesus o dom gratuito de Deus, procuremos pois, e apesar das dificuldades, acolhê-lo, confiantes que esse mesmo dom garante a força para prosseguir no caminho da fidelidade e da santificação.”
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Um abraço fraterno e amigo,
Maria José Silva
Que " a nossa liberdade de opção" nos leve a fugir de conflitos e a acolher "Jesus o dom gratuito de Deus" na alegria e na paz. Inter pars
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