terça-feira, 22 de outubro de 2013

Felizes os servos que o Senhor encontrar vigilantes (Lc 12,37)

Em diversas passagens dos Evangelhos Jesus convida-nos a viver em vigilância, em atitude de quem espera a chegada de alguém importante.
É um tempo de espera, de uma espera que não é passiva, inactiva, mas bem pelo contrário é um tempo de actividade, um tempo de serviço, um tempo em que é necessário manter acesas as lâmpadas.
O convite de Jesus, que encontramos no Evangelho de São Lucas, remete inevitavelmente para a parábola das virgens loucas e insensatas do Evangelho de São Mateus, pois numa e noutra parábola se trata de manter acesas as lâmpadas enquanto se espera a vinda do Senhor.
É o azeite do desejo que é necessário preservar numa e noutra parábola. Enquanto se espera na noite, no meio das dificuldades e até da sonolência do desânimo, não se pode deixar apagar o desejo pelo noivo que vem de núpcias.  
Por outra parte, o convite de Jesus remete ainda para outra parábola do Evangelho de São Mateus, para a parábola dos administradores dos talentos, em que também se espera a vinda do Senhor e na qual os bons administradores são convidados a partilhar da intimidade daquele que chega para fazer contas.
Numa síntese única, São Lucas une as duas parábolas de Mateus e mostra-nos que a vigilância, o tempo de espera que somos convidados a viver vigilantes, é um tempo de desejo e um tempo de serviço.
Neste tempo de espera pela vinda do Mestre somos convidados a viver no quotidiano, a não nos preocuparmos com o extraordinário, com obras fora do comum, mas a viver cada gesto, cada palavra, cada momento, marcados por esse desejo de que o Senhor venha.
É um dinamismo interior, um espirito, que deve marcar o nosso agir, é o amor livre e desinteressado que deve marcar a diferença e cunhar cada realidade com o sinal da espera de quem virá enquanto vem já em cada momento do nosso agir amante.

 
Ilustração: “Madalena Penitente”, de Georges de La Tour, National Gallery of Art, Washington.

2 comentários:

  1. É a vivência do Homem interior no qual, no dizer de Frei João Tauler, devia dar-se continuamente uma renovação e dedicação verdadeiras.

    ResponderEliminar
  2. Caro Frei José Carlos,

    No peregrinar da vida, somos levados, em determinados períodos, a perguntar-nos como manter a chama viva que nos leva a permanecer vigilantes de forma activa, a viver a Luz, a esperar a vinda do Senhor. E, cada um de nós, na sua vivência, sabemos que muitas vezes, não é fácil, “libertar-nos, ter um olhar novo sobre as coisas, criar nos nossos corações espaços de disponibilidade para o que é essencial”, manter-se activo, esperar, não desanimar…
    Como nos diz no texto que teceu …” Enquanto se espera na noite, no meio das dificuldades e até da sonolência do desânimo, não se pode deixar apagar o desejo pelo noivo que vem de núpcias”. …
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, que nos confortam e encorajam, por recordar-nos que …” É um dinamismo interior, um espirito, que deve marcar o nosso agir, é o amor livre e desinteressado que deve marcar a diferença e cunhar cada realidade com o sinal da espera de quem virá enquanto vem já em cada momento do nosso agir amante.” Bem-haja.
    Continuação de um bom dia. Que o Senhor o cumule de todas as bençãos.
    Um abraço fraterno e amigo,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar