sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

E abriram-se os seus olhos. (Mt 9,30)

Dois cegos vão ao encontro de Jesus, de Jesus que passa, que vai pelos caminhos sempre em direcção a qualquer lugar a qualquer pessoa.
São homens que desconhecem a luz do sol, mas são guiados por outra luz, pela luz da fé e da esperança sobre o que ouviram contar daquele Jesus. Ele cura, ele alimenta, ele perdoa, ele salva. E nessa fé gritam pelo Filho de David, gritam pela sua piedade, pela sua compaixão para com eles.
Contudo, não basta gritar, não se pode ficar à beira do caminho, vendo Jesus passar, é necessário ir atrás, segui-lo, aproximar-se, ousar entrar em casa com ele, onde ele se encontra. É ali que se dá o diálogo, a pergunta sobre a fé e a resposta, “sim nós acreditamos”.
Então Jesus toca os olhos, responde ao pedido e à vontade daqueles cegos e eles ficam a ver, abrem-se lhes os olhos. É a vontade alimentada na fé que move a acção de Jesus.
Neste Advento ousamos também seguir Jesus, entrar na sua casa, fazer a experiência do diálogo da fé e da esperança, e como os cegos pedimos ao Senhor que nos abra os olhos, que nos conceda a visão.
Senhor que se abram os nossos olhos, para te ver, para ver o rosto dos irmãos, para ver o que nos pedes, ou melhor, ao que nos convidas.
Senhor que se abram os nossos olhos, para ver para além das luzes cintilantes das árvores e das ruas, para ver a verdadeira luz, essa luz que nos incendeia de cada vez que a contemplamos em silêncio.
Na noite de Natal, quando nascia Jesus, os pastores viram uma grande luz e a sua noite de vigília transformou-se em pleno dia de festa. Que a nossa vigília deste Advento, a nossa espera, seja também um caminhar crescente ao encontro dessa luz gloriosa.

 
Ilustração: “Anunciação aos Pastores”, de Jules Bastien-Lepage, Galeria Nacional de Vitória, Melbourne, Austrália.

2 comentários:

  1. É sempre com alegria que lemos estas chamadas de atenção que significam reflexão e presença.
    Inter pars

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  2. Caro Frei José Carlos,

    Li e reli saboreando cada palavra do texto da Meditação que teceu e partilha connosco. Profundo e belo, de reflexão, que leva a descentrar-nos, a ver e a ouvir Jesus, a verdadeira Luz, “o rosto dos nossos irmãos”, que nos encoraja e dá esperança sempre mas, particularmente, nos momentos de maior fragilidade. É um texto intemporal que desafia-nos e convida-nos a ousar ...“ também seguir Jesus, entrar na sua casa, fazer a experiência do diálogo da fé e da esperança, e como os cegos pedimos ao Senhor que nos abra os olhos, que nos conceda a visão.”…
    Hoje, e no caminhar do Advento, oremos também com as palavras partilhadas, unidos espiritualmente, num grande círculo, de mãos dadas …” Senhor que se abram os nossos olhos, para ver para além das luzes cintilantes das árvores e das ruas, para ver a verdadeira luz, essa luz que nos incendeia de cada vez que a contemplamos em silêncio.”…
    Bem-haja. Que o Senhor o cumule de todas as bençãos.
    Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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