segunda-feira, 22 de março de 2010

A mulher adúltera e a justiça de Deus

O texto do Evangelho deste dia é a sequência imediata do episódio da mulher adúltera que escutámos na leitura dominical. Realizado o milagre, se assim se pode chamar, Jesus explica as razões da sua realização, retira do acontecimento toda a verdade revelada para a cabal compreensão dos discípulos.
E a verdade revelada é uma vez mais a da justiça de Deus e a sua diferença relativamente à justiça dos homens. Como aqueles escribas e fariseus a nossa justiça é fundada nas aparências, no superficial, em muitos dos nossos interesses e lucros, enquanto que a justiça de Deus é uma justiça iluminadora, uma justiça que é misericórdia porque tem em conta a natureza do homem e as suas fragilidades.
Por isso é que os fariseus e os escribas abandonaram a cena depois de Jesus ter dito que quem não tivesse pecados atirasse a primeira pedra. As suas palavras, a sua justiça revelava-se misericordiosa para com os pecadores, a pecadora, mas implacável para aqueles que sendo também pecadores se recusavam a praticar a mesma misericórdia, se deixavam guiar pelas aparências e pelos seus interesses maquiavélicos.
Jesus não podia agir de outra maneira, não pode agir ainda hoje na nossa vida de pecado de outra maneira, porque de facto ele é a justiça de Deus, ele dá testemunho juntamente com o Pai dessa justiça, e como a sua história e vida é um acto de amor e misericórdia, um acto de entrega e fidelidade, a sua justiça é misericórdia.
Nesta caminhada para a Páscoa cabe-nos a missão de nos aproximarmos dele, de nos deixarmos iluminar pela sua palavra e aceitarmos que quanto mais misericordiosos formos com os outros mais misericordiosa a justiça de Deus será para connosco.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Se formos misericordiosos para com o nosso semelhante "mais misericordiosa a justiça de Deus será para connosco" porque a "justiça de Deus" é diferente da "justiça dos homens". A justiça de Deus tem em conta a condição humana e as suas fragilidades. A justiça terrena é feita por homens e ainda que tente ser "justa", "objectiva" , nem sempre o ser humano consegue ser "misericordioso". É um caminho difícil, constante e longo a percorrer e "aprender a escrever no chão" requer um grau de perfeição que raramente conseguimos. Bem haja pela partilha da meditação diária. MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Desperta em nós constantemente uma vontade de sermos melhores, de nos despegarmos deste mundo e de aspirarmos a um recolhimento longe do século "num acto de entrega e fidelidade" à imitação de Jesus.
    Tenha uma santa noite.
    GVA

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