quarta-feira, 17 de março de 2010

O amor do Pai

O Senhor nosso Deus diz-nos através das palavras do profeta Isaías: “pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei”.
Isaías dirige-se ao povo de Sião, ao povo que experimentava a desolação, a perda das estruturas sobre as quais se construía a sua identidade. Era um momento de humilhação, mas nesse mesmo momento Deus revela-se da forma mais terna, mais carinhosa, com uma imagem de maternidade que a ninguém pode deixar indiferente.
Estas palavras de Isaías dirigem-se hoje a cada um de nós, a cada um que experimenta as dificuldades de caminhar na fidelidade ao amor do Senhor e no amor dos irmãos. Face a tudo o que nos desanima, o que nos faz sentir derrotados, o que nos oprime e humilha Deus diz que não nos esquece, que não nos pode esquecer uma vez que somos fruto das suas entranhas. E as suas entranhas são de misericórdia!
Se Deus não nos esquece, não nos pode esquecer, como caminhamos temerosos no seu caminho, como tantas vezes cruzamos os braços e não nos arriscamos a viver um pouco mais audaciosamente, quer com Ele quer com os irmãos?
Este tempo da Quaresma é um tempo precioso para nos consciencializarmos de como nos devemos abandonar com mais confiança nos braços do Pai, de como devemos como filhos pródigos regressar a casa do pai com a esperança e confiança de que não deixámos de estar presentes no amor, ainda que ausentes e distantes fisicamente.

3 comentários:

  1. O último parágrafo do seu texto transporta-me para a compreensão daqueles que, estando ausentes fisicamente, são acolhidos com misericórdia pelo Pai, ao darem o seu tempo e a si próprios aos mais carenciados, aos mais esquecidos. Sendo, como os mais presentes, frutos das suas entranhas de misericórdia não serão esquecidos porque eles dão também testemunho do Reino de Deus.
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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  2. Frei José Carlos,

    Este tempo quaresmal é ideal para a meditação diária e, particular-mente, para nos interrogarmos que "Se Deus não nos esquece, não nos pode esquecer, como caminhamos temerosos no seu caminho, como tantas vezes cruzamos os braços e não nos arriscamos a viver um pouco mais audaciosamente, quer com Ele quer com os irmãos?" Nos dias de hoje, permitir-me-ia dizer que é mais fácil caminhar "individualmente" ao encontro de Deus, numa busca pessoal, do que com os nossos irmãos. Muitos de nós estamos ávidos de "segurança", de "conforto", "individualistas", indiferentes a toda a sorte de injustiças, a um simples estender de mão, a um sorriso, a uma simples palavra. Estamos demasiado ocupados.Praticar quotidianamente a palavra de Jesus é difícil, em família, no trabalho, em sociedade, com os amigos. Como escreveu recentemente é necessário saber pedir e receber ... Estar disponível, ter o coração aberto para Deus e para o nosso semelhante. Obrigada por nos lembrar que "nos devemos abandonar com mais confiança nos braços do Pai, (...) com a esperança e confiança de que não deixámos de estar presentes no amor, ainda que ausentes e distantes fisicamente. Bem haja.MJS

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  3. Também eu agradeço o seu blogue.

    Rui Martinho

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