terça-feira, 10 de julho de 2012

A seara é grande (Mt 9,37)

Ao ver as multidões fatigadas e abatidas que o seguem e procuram, multidões que caminham como ovelhas sem pastor, Jesus comenta aos seus discípulos a grandeza da seara, a grandeza do trabalho que se lhe apresenta e se lhes apresenta.
Diante de tanta gente com necessidade, de tanta fragilidade e busca de uma resposta, são necessários trabalhadores, é necessário pedir ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Com esta constatação e chamada de atenção Jesus partilha com os seus discípulos a consciência da grandeza da missão, bem como a necessidade do trabalho comum, de um trabalho que não lhe diz respeito apenas a ele mas a todos que o assumirem como Mestre e Senhor, que tenham a mesma consciência do campo vasto que se abre diante dos olhos em cada dia.
E é perante esta vastidão, perante a grandeza da seara e as dificuldades do trabalho que se vislumbra, que muitas vezes recuamos, nos intimidamos, porque a seara é grande, a seara é muito grande.
Esta dimensão que devia ser um alento, uma fonte de alegria, pois apela à nossa criatividade, ao nosso esforço, à alegria do trabalho fraterno, à esperança de muito fruto, deixa-nos prostrados, como sem forças, intimidados.
E é nestes momentos e perante esta vastidão que não podemos esquecer as palavras de Jesus “eu estarei convosco até ao fim dos tempos”, eu acompanharei os vossos esforços, os vossos trabalhos, eu estarei convosco e serei o vosso alento e a vossa força.
A seara é grande mas o Senhor da seara vai connosco, acompanha o nosso trabalho quotidiano e como sombra que protege do calor do meio-dia ou fonte que refresca a nossa sede está connosco e não nos desampara.

Ilustração: Ermida de Nuestra Señora de Perales, perto de Bercianos. Caminho de Santiago. 14 de Maio de 2010.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu e partilha sobre um excerto do Evangelho de hoje (Mt 9,37) leva-me a reflectir sobre o significado das palavras que Jesus dirige aos discípulos face à ”grandeza do trabalho que se lhe apresenta e se lhes apresenta”, à realidade dos tempos que vivemos num contexto diferente e às palavras partilhadas. Há momentos da nossa vida, com poucos recursos humanos face ao desafio das tarefas que se nos apresentam, que em lugar de termos energia e alento para a missão a que fomos chamados, certas circunstâncias podem levar-nos ao desalento, ainda que saibamos que o Senhor nunca nos abandona.
    Como nos salienta, …”Com esta constatação e chamada de atenção Jesus partilha com os seus discípulos a consciência da grandeza da missão, bem como a necessidade do trabalho comum, de um trabalho que não lhe diz respeito apenas a ele mas a todos que o assumirem como Mestre e Senhor, que tenham a mesma consciência do campo vasto que se abre diante dos olhos em cada dia.(…)
    (...) Esta dimensão que devia ser um alento, uma fonte de alegria, pois apela à nossa criatividade, ao nosso esforço, à alegria do trabalho fraterno, à esperança de muito fruto, deixa-nos prostrados, como sem forças, intimidados.” …
    Nestes momentos, como o póprio Frei José Carlos, nos recorda, … “não podemos esquecer as palavras de Jesus “eu estarei convosco até ao fim dos tempos”, eu acompanharei os vossos esforços, os vossos trabalhos, eu estarei convosco e serei o vosso alento e a vossa força.” …
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Mediitação profunda, bela, que encerra a centelha de luz que é o Senhor que conforta e dá esperança, iluminando os dias cinzentos e as noites escuras que somos chamados a enfrentar. Que o Senhor o ilumine, o abençõe e proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe o texto de uma oração.


    ENSINA-ME
    A COMPAIXÃO

    Peço-te, Senhor, pela compaixão. Não me permitas subir pelo tempo fora aparelhado de uma
    indiferença crescente. Não me deixes supor o mundo, com todas as suas dores, como um fla-
    gelo distante. Não consintas no meu virar de cara rotineiro; na minha surdez aos desgostos alheios;
    na dureza prática com que encaro as fragilidades que irrompem na vida dos outros. Ensina-me a compaixão,
    a misericórdia, o cuidado. Ensina-me a prece verdadeira que dos gestos do bom samaritano subia até Ti.

    (In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)

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