terça-feira, 31 de julho de 2012

Jesus deixou a multidão e foi para casa. (Mt 13,36)

Ao lermos os Evangelhos não é difícil descobrir que também Jesus viveu uma vida pública e uma vida privada, momentos em que se encontrava na praça pública e era uma figura pública, e momentos de privacidade a que apenas alguns tinham acesso.
A leitura do Evangelho de hoje é neste aspecto paradigmática, pois coloca-nos Jesus a abandonar a multidão para se encontrar em casa com os seus discípulos, os quais aproveitam a oportunidade para solicitar uma explicação da parábola do trigo e do joio que Jesus tinha contado à multidão.
É interessante notar este pormenor, este cuidado de em privado Jesus explicar aos seus mais próximos o sentido daquilo que tinha dito em público e parecia enigmático, incompreensível.
Para nós, esta circunstância da privacidade de Jesus  é hoje um desafio, pois igualmente necessitamos entrar dentro de casa para nos encontrarmos com Jesus, para nos encontrarmos com o sentido mais profundo e verdadeiro da sua palavra.
Tal como nos recomenda em outra passagem do Evangelho, necessitamos entrar no nosso quarto, fechar a porta e escutar em silêncio, na companhia do Espirito Santo, o que Deus nos quer dizer, as explicações que nos quer dar para as suas palavras que tantas vezes temos dificuldade em compreender.
O Papa Bento XVI, numa das últimas alocuções do “Angelus”, convidava os cristãos a aproveitar este tempo de férias de Verão para descansarem fisicamente, mas também para se encontrarem com a Palavra de Deus, a realizarem essa entrada na intimidade de Jesus para retomarem os seus trabalhos e desafios com um novo alento, uma nova esperança.
Procuremos pois, cada um de nós, e na medida da disponibilidade e da tranquilidade, aproveitar um pouco do tempo de descanso que tenhamos para nos embrenharmos na intimidade de Jesus através da leitura e da frequência da Palavra de Deus.
 
 
Ilustração: “Santo António lendo”, de Marcantonio Bassetti, Castelvecchio Museum.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    No texto da Meditação que teceu, recordando-nos a leitura do Evangelho do dia Mt (13,36), atira-nos a atenção para um pormenor interessante e importante, o ...”cuidado de em privado Jesus explicar aos seus mais próximos o sentido daquilo que tinha dito em público e parecia enigmático, incompreensível” e que …”Para nós, esta circunstância da privacidade de Jesus é hoje um desafio, pois igualmente necessitamos entrar dentro de casa para nos encontrarmos com Jesus, para nos encontrarmos com o sentido mais profundo e verdadeiro da sua palavra.”
    Como nos salienta, … “necessitamos entrar no nosso quarto, fechar a porta e escutar em silêncio, na companhia do Espirito Santo, o que Deus nos quer dizer, as explicações que nos quer dar para as suas palavras que tantas vezes temos dificuldade em compreender.”…
    Precisamos de espaço, de tempo e de silêncio para nos encontrarmos connosco próprios, para escutar-nos, para ouvir-nos, para meditar, para orar, para dialogar com Jesus, “para nos encontrarmos com o sentido mais profundo e verdadeiro da sua palavra”, como nos refere no texto.
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, maravilhosamente ilustrada e aceitemos o convite que nos faz , e “na medida da disponibilidade e da tranquilidade, aproveitar um pouco do tempo de descanso que tenhamos para nos embrenharmos na intimidade de Jesus através da leitura e da frequência da Palavra de Deus.”
    Que o Senhor o ilumine, abençõe e proteja. Continuação de boa semana, repousante.
    Votos de um bom dia.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo o texto de uma oração.

    O QUE NASCE
    DO TEU
    SILÊNCIO


    Conta-se que os Padres do Deserto quando chegava alguém pela primeira vez, não falavam.
    Recebiam o outro em silêncio.Porque pensavam: “se o meu silêncio não o conseguir iluminar
    quanto mais a minha palavra”. “Ama o silêncio acima de tudo, ele transporta um fruto que
    a língua é incapaz de descrever. No nosso silêncio nasce alguma coisa que nos atrai ao silêncio.
    Que Deus te conceda compreender e acolher o que nasce do teu silêncio”.É isso que hoje te peço, Senhor.
    Que eu guarde o Teu silêncio com confiança e que ele abra, pouco a pouco, o meu coração à escuta não só
    do presente, das necessidades do presente, mas também daquilo que há-de vir.

    (In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)

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