segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sobre a minha ausência e a oração fraterna

Acabo de receber uma mensagem por SMS de uma pessoa amiga a perguntar se ainda “estou seco”. Um dia da semana passada alguém, também muito amiga, me telefonou a perguntar se estava doente. A Mizé foi colocando ao longo dos últimos dias um conjunto de textos nos comentários à minha última partilha, num apelo discreto.
Cada uma, à sua maneira, e certamente outras pessoas que por aqui passam, foi sentindo a minha ausência, o meu silêncio, a minha secura, a quebra num ritual quase diário. E cada uma, no seu jeito muito particular fez-me chegar a sua preocupação, fruto do seu carinho.
Tenho de confessar que não têm sido dias fáceis. Se por um lado existe o cansaço do trabalho do ano, por outro lado há ainda muita coisa para fazer e algumas delas redundam ainda em maior cansaço e frustração. Há depois uma tentação enorme de atirar a toalha ao chão, um sentimento perverso de que já não vale a pena, que já nada disto faz sentido.
E depois há este calor, que me faz desejar como o frei Domingos Frutuoso o inverno, o tempo fresco e frio no qual o corpo não sente tanta sede nem se amolece como gelatina.
Neste entretanto, e nestas circunstâncias, escrever qualquer coisa, partilhar uma ideia, era uma tortura.
Contudo, o objectivo deste texto e desta partilha não é a exposição do meu estado psicológico ou espiritual, que já está mais que exposto e para o qual tenho que procurar os devidos remédios, mas agradecer àqueles e aquelas que têm rezado por mim, aos irmãos e às irmãs, aos amigos e amigas.
É fácil dizer que os sacerdotes necessitam que se reze por eles. Nesta minha caminhada, e acreditando no poder da oração, no seu poder comunicativo, não posso deixar de testemunhar e acreditar que muito do que tenho feito e algo do que tenho sido fiel se deve à oração dos outros, daqueles que se lembram de mim nas suas preces diante de Deus.
Pelas vossas orações, obrigado António, obrigado Teresa, obrigado Alexandre, obrigado Isabel, obrigado Paulo, obrigado Rosário, obrigado Humberto, obrigado Maria José, obrigado a todos cujo nome não posso continuar a apontar mas que associo àquela que desde sempre rezou por mim, obrigado Mãe.

Ilustraçao: Nascer do sol sobre o Rio Minho e Tui. Caminho Portugues de Santiago, 1 de Julho de 2012.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    “ A amizade revela algo de Deus”, como nos diz Ermes Ronchi, de belo e fundamental poderia acrescentar para vivermos melhor. Li e meditei demoradamente sobre o texto que acabou de partilhar. Estas linhas que vou deixar não consituem uma resposta. Na realidade, como a muitos seguidores do blog que se manifestaram ou não, o silêncio do irmão preocupava-me muito. Pedi muito a Jesus que nos desse um sinal sobre o que estava a acontecer. Foi com emoção que li a profunda e bela Homília que partilhou. Dou graças a Deus. Da nossa parte, terá sempre a compreensão. Na vida de cada um de nós, em certas ocasiões, temos mais dificuldade em suportar muitas ou certas coisas.
    O Frei José Carlos está e continuará a estar sempre presente nas nossas orações diárias. Por Jesus, pelo Frei José Carlos como ser, como irmão, para continuarmos a ouvi-lo pregar, para sabermos que temos o apoio do irmão, por outros as outras actividades em que tem um papel a realizar, pelas palavras que saboreamos na caminhada cibernética, pelo intangível, pelo invisível.
    O Frei José Carlos com um passo diferente vai conseguir ultrapassar uma fase menos boa (como acreditamos que com a ajuda do Senhor é possível fazer das fraquezas forças) e Jesus nunca o (nos) abandona.
    Aceite Frei José Carlos um abraço fraterno e amigo.
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe este belo e maravilhoso texto que acaba de partilhar connosco.Ao ler com muito interesse fiquei muito emocionada,fui para junto do Sacrário agradecer esta grande graça.O Frei José Carlos está e estará sempre presente nas nossas orações.Que o Senhor Jesus,conceda as forças necessárias,para continuarmos a ouvi-lo pregar,para sabermos que temos o apoio do irmão,o Frei José Carlos e para saborearmos as suas belas palavras.Obrigada,Frei José Carlos,pela beleza de Homilia que partilhou connosco.Com a ajuda do Senhor,vai ultrapassar todo o cansaço,vai conseguir ultrapassar esta fase menos boa,todos nós passamos por fases idênticas em nossas vidas,mas com o Senhor e com a sua ajuda conseguimos ultrapassar,todas as dificuldades.Bem-haja,Frei José Carlos.Desejo-lhe um bom descanso e uma boa semana.
    Um abraço fraterno.
    AD

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