quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um tesouro escondido no campo (Mt 13,44)

As parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor que um comerciante encontra são, na sua simplicidade, uma grande fonte de alegria e de esperança na nossa busca do Reino de Deus.
O tesouro e a pérola aparecem àqueles dois homens no meio das suas tarefas diárias, no seio do seu quotidiano. Podemos imaginar quantas vezes aquele homem tinha já lavrado o seu campo sem encontrar o tesouro que ali se encontrava escondido. Podemos imaginar igualmente as diligências do comerciante para encontrar aquela pérola única.
E apesar de tudo, de todos os seus esforços, ela aparece, ela surge no meio das suas buscas e do seu trabalho. O tesouro que é o Reino de Deus faz-se encontrar, dispõe-se a deixar-se descobrir no campo do nosso trabalho
Tal realidade alimenta a nossa esperança do caminhar quotidiano de fidelidade, bem como a certeza e a confiança que não necessitamos ir muito longe para nos encontrarmos com o Reino de Deus, com o próprio Deus.
Como nos diz o Livro da Sabedoria, ela encontra-se à nossa porta, sentada na soleira da nossa porta esperando o momento em que a nossa atenção se depare com ela. Assim Deus e assim o seu Reino.
Face a esta realidade, a esta possibilidade de encontro, apenas se nos é exigido o nosso trabalho quotidiano, a necessidade de procurar aqui e agora o Reino de Deus, pois não é uma realidade a protelar para o futuro, mas que se apresenta hoje a quem a quiser encontrar, a quem se dispôs a procurá-la.
Na medida em que nos dispomos a olhar e a acolher os acontecimentos do dia a dia com outros olhos, a lê-los pelo prisma do amor de Deus para com cada um de nós, certamente descobriremos o tesouro no nosso campo ou a pérola preciosa que buscamos.
O Reino de Deus está assim aí, presente, vivo, e é impossível não o encontrar se me disponho a procurá-lo, a tentar vê-lo nas realidades do presente. Não nos dispensemos de o ver ou procurar.
Ilustração: “Parábola do tesouro escondido”, de Rembrandt. Colecção Esterházy. Museu de Belas Artes de Budapeste.   

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por recordar-nos que ...” O tesouro que é o Reino de Deus faz-se encontrar, dispõe-se a deixar-se descobrir no campo do nosso trabalho e tal realidade alimenta a nossa esperança do caminhar quotidiano de fidelidade, bem como a certeza e a confiança que não necessitamos ir muito longe para nos encontrarmos com o Reino de Deus, com o próprio Deus.”…
    Porém, esse encontro com Deus pressupõe um esforço individual, uma busca permanente, e alcança-lo é um dom de Deus. Como nos afirma no texto …” Na medida em que nos dispomos a olhar e a acolher os acontecimentos do dia a dia com outros olhos, a lê-los pelo prisma do amor de Deus para com cada um de nós, certamente descobriremos o tesouro no nosso campo ou a pérola preciosa que buscamos.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pela confiança e esperança que nos transmitem para continuar a nossa caminhada, pela força que nos transmite ao encorajar-nos “a procurar o Reino de Deus, a tentar vê-lo nas realidades do presente”, aqui e agora.
    Que o Senhor o ilumine, abençõe e proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP


    esperança


    bendito sejas, Pai, pelo teu Filho/e pela boa notícia/que ele fez ressoar em toda a terra//

    é ele que nos tira do sono/que leva à morte,/nos aguenta de pé/na vigilância e na expectativa//

    bendito sejas/pelo Espírito Santo e pela esperança/de que nos tornaste os depositários/
    neste tempo//

    está nos nossos corações e nas nossas mãos/a promessa do teu reino/para que acenda em nós/
    a chama da vigília//

    é por isso que somos solidários/do teu desígnio/e do combate dos nossos irmãos//

    bendito sejas pela alegria/que nos preparas/e pela sua germinação/no presente das nossas vidas//


    (In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

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