O
tesouro e a pérola aparecem àqueles dois homens no meio das suas tarefas
diárias, no seio do seu quotidiano. Podemos imaginar quantas vezes aquele homem
tinha já lavrado o seu campo sem encontrar o tesouro que ali se encontrava escondido.
Podemos imaginar igualmente as diligências do comerciante para encontrar aquela
pérola única.
E
apesar de tudo, de todos os seus esforços, ela aparece, ela surge no meio das
suas buscas e do seu trabalho. O tesouro que é o Reino de Deus faz-se encontrar,
dispõe-se a deixar-se descobrir no campo do nosso trabalho
Tal
realidade alimenta a nossa esperança do caminhar quotidiano de fidelidade, bem
como a certeza e a confiança que não necessitamos ir muito longe para nos
encontrarmos com o Reino de Deus, com o próprio Deus.
Como
nos diz o Livro da Sabedoria, ela encontra-se à nossa porta, sentada na soleira
da nossa porta esperando o momento em que a nossa atenção se depare com ela. Assim
Deus e assim o seu Reino.
Face
a esta realidade, a esta possibilidade de encontro, apenas se nos é exigido o
nosso trabalho quotidiano, a necessidade de procurar aqui e agora o Reino de
Deus, pois não é uma realidade a protelar para o futuro, mas que se apresenta
hoje a quem a quiser encontrar, a quem se dispôs a procurá-la.
Na
medida em que nos dispomos a olhar e a acolher os acontecimentos do dia a dia
com outros olhos, a lê-los pelo prisma do amor de Deus para com cada um de nós,
certamente descobriremos o tesouro no nosso campo ou a pérola preciosa que buscamos.
O
Reino de Deus está assim aí, presente, vivo, e é impossível não o encontrar se
me disponho a procurá-lo, a tentar vê-lo nas realidades do presente. Não nos
dispensemos de o ver ou procurar.
Ilustração:
“Parábola do tesouro escondido”, de Rembrandt. Colecção Esterházy. Museu de
Belas Artes de Budapeste.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarBem-haja por recordar-nos que ...” O tesouro que é o Reino de Deus faz-se encontrar, dispõe-se a deixar-se descobrir no campo do nosso trabalho e tal realidade alimenta a nossa esperança do caminhar quotidiano de fidelidade, bem como a certeza e a confiança que não necessitamos ir muito longe para nos encontrarmos com o Reino de Deus, com o próprio Deus.”…
Porém, esse encontro com Deus pressupõe um esforço individual, uma busca permanente, e alcança-lo é um dom de Deus. Como nos afirma no texto …” Na medida em que nos dispomos a olhar e a acolher os acontecimentos do dia a dia com outros olhos, a lê-los pelo prisma do amor de Deus para com cada um de nós, certamente descobriremos o tesouro no nosso campo ou a pérola preciosa que buscamos.”…
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pela confiança e esperança que nos transmitem para continuar a nossa caminhada, pela força que nos transmite ao encorajar-nos “a procurar o Reino de Deus, a tentar vê-lo nas realidades do presente”, aqui e agora.
Que o Senhor o ilumine, abençõe e proteja.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP
esperança
bendito sejas, Pai, pelo teu Filho/e pela boa notícia/que ele fez ressoar em toda a terra//
é ele que nos tira do sono/que leva à morte,/nos aguenta de pé/na vigilância e na expectativa//
bendito sejas/pelo Espírito Santo e pela esperança/de que nos tornaste os depositários/
neste tempo//
está nos nossos corações e nas nossas mãos/a promessa do teu reino/para que acenda em nós/
a chama da vigília//
é por isso que somos solidários/do teu desígnio/e do combate dos nossos irmãos//
bendito sejas pela alegria/que nos preparas/e pela sua germinação/no presente das nossas vidas//
(In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)