segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Genealogia de Jesus Cristo (Mt 1,1)

O Evangelho de São Mateus apresenta logo no seu início a genealogia de Jesus, um texto que muitas vezes nos cansa e desconcerta pela sucessão de nomes. Quantas vezes não nos perdemos já nesta listagem, nas sucessões de nomes que nos surgem algo estranhos?
E contudo é um monumento de fé, um monumento à história de um povo e ao projecto de Deus com os homens. É um monumento construído à humanidade.
Neste monumento cada um tem o seu nome, tem a sua história, mostrando-nos que o Filho de Deus não encarna num vazio, mas num povo e numa história constituídos de faces únicas, de histórias irrepetíveis. Cada um foi objecto do amor de Deus, de uma relação pessoal e única com Deus.
Desta forma, aí encontramos os homens e as mulheres, aqueles que foram fiéis e os que foram pecadores, a estrangeira Ruth e a prostituta Rahab, o sábio Salomão e o idólatra Acaz, sucedendo-se nas gerações até à Virgem de Nazaré, que concebe o Filho de Deus.
Esta longa lista é assim uma celebração da vida, com tudo o que ela comporta, e a ruptura imprevisível que se opera com a Virgem Maria não é mais que um sinal da acção de Deus, da sua intervenção nessa sucessão tantas vezes trágica. A ruptura genealógica, operada com a Virgem Maria, proclama a vida divina que se insere na história humana, para que esta se possa realizar na sua missão primordial.
E a cada um de nós, elo de uma cadeia de gerações, cabe-nos acolher esta ruptura e o que ela significa, cabe-nos acolher o dom que Maria acolheu, conscientes que se ela foi preparada desde o seio materno para a maternidade divina, nós estamos preparados deste a criação para acolher o dom do Espirito divino.

 
Ilustração:
“O nascimento da Virgem Maria”, de Bartolomé Esteban Murillo, Museu do Louvre.

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