segunda-feira, 27 de março de 2017

O homem acreditou. (Jo 4,50)

Jesus regressa à Galileia e surpreendentemente é bem recebido, poderíamos dizer quase euforicamente, pelos galileus.
Eles tinham visto o que Jesus tinha feito em Jerusalém e acolhem-no na expectativa de ver também ali realizados novos e grandes milagres. É o extraordinário que os move atrás de Jesus, que os dispõe ao acolhimento.
Influenciado por esta multidão e este desejo, um funcionário real dirige-se a Jesus, pois o seu filho está doente em Cafarnaum. E como tantos outros pede a Jesus um milagre, que vá curar o seu filho.
Pedido normal, face ao conhecido e ao que se dizia, mas rapidamente contestado por Jesus, pois as circunstâncias não permitem outra resposta, todos querem ver coisas extraordinárias.
É a insistência do funcionário que provoca a alteração, mas também essa confiança interior de que Jesus podia fazer alguma coisa sem visibilidade, sem espectáculo. O funcionário é um homem que acredita que algo pode ser feito no silêncio, pelo poder da palavra.
E por isso quando Jesus lhe diz que vá tranquilo, que o seu filho está vivo, este homem parte sem hesitações, sem dúvidas, confiando na palavra, no poder da palavra de Jesus, poder confirmado quando os seus criados o encontram e lhe atestam a cura do filho.
Este homem fez confiança em Jesus sem necessidade de provas, sem necessidade de uma presença física, bastou-lhe a palavra. E afinal esse é o grande desafio que se coloca a cada cristão, confiar na palavra, acreditar sem necessidade de satisfações sensíveis, ou de emoções. Viver a fé com os seus riscos e as suas purificações fundados apenas na palavra.
Este desafio vem dos primórdios da criação, pois também ali e no momento da tentação, há uma oposição entre a palavra e a visão. Encontramos dois registos, se assim podemos falar, o da palavra de Deus que é uma palavra de bênção, que realiza o que diz, e o da visão induzida pela serpente que comporta a gula, a cobiça e a possessão do fruto proibido
A palavra é assim a nossa fonte e o nosso fim de realização de plenitude, ela deve iluminar o nosso caminhar, ela apenas nos deve bastar para continuar com confiança nos passos de Jesus. Permanecer na Palavra é o que Deus nos pede para nossa salvação!

 
Ilustração:
“Jesus curando os doentes”, de Fritz von Uhde, Neumeister Kunstauktionen.

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