quinta-feira, 30 de março de 2017

O Pai deu testemunho de mim. (Jo 5,37)

Jesus prossegue o seu debate com os judeus no seguimento da cura do paralítico da piscina de Betsatá, um debate teológico sobre a sua pessoa e filiação divina e que João registou de modo magistral.
Para fundamentar o milagre operado, o poder inerente à sua identidade divina, Jesus invoca três testemunhos, seguindo neste processo a tradição e a lei que dizia que um testemunho só era válido com duas ou mais testemunhas.
Antes de mais Jesus invoca o testemunho de João Baptista, a quem os judeus tinham enviado emissários, que tinha reconhecido Jesus como o Messias esperado, e em parte pelas obras realizadas por Jesus. João é capaz de responder aos emissários que ele não é o Messias, contudo diz-lhes também que a sua presença é já visível para os que o quiserem ver nas obras e milagres extraordinários que vão acontecendo.
O segundo testemunho que Jesus invoca são essas mesmas obras, pelas quais é fácil perceber que não as faz por si próprio, mas por alguém que o enviou e lhe confiou o poder de as realizar. Como era possível não ver naqueles milagres os sinais da presença divina?
Por fim Jesus evoca o testemunho das escrituras às quais os judeus estavam tão apegados. Se quisessem ler o profeta Isaías podiam ver como a promessa se estava a cumprir, como a Palavra de Deus tomava forma, se concretizava nas obras que realizava, pois os cegos viam, os coxos andavam e os leprosos eram curados.
Para além destes argumentos, que poderemos dizer históricos, considerar circunstanciais, nós temos pela fé, alicerçada no relato dos discípulos, a palavra e testemunho do próprio Pai, que tanto no momento do baptismo como no alto do monte Tabor proclamou que Jesus era o seu filho muito amado, a quem devíamos escutar.
Para nós não existem apenas provas externas, existe a proclamação do Pai, a manifestação da filiação divina, do amor do Pai pelo Filho, a convicção clara que Jesus é o rosto do Pai, a maior prova do amor de Deus por todos os homens.
Senhor, que saibamos dar testemunho do teu amor diante de todos os nossos irmãos.

 
Ilustração:
“Transfiguração”, de Peter Paul Rubens, Museu de Belas Artes de Nancy.

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