segunda-feira, 6 de março de 2017

Senhor quando foi que te vimos? (Mt 25,37)

Jesus faz uma descrição da sua vinda na glória e do julgamento que nesse momento será realizado. Uma surpresa para todos na medida em que uns serão colocados de um lado e outros do outro, em que uns serão chamados benditos e outros malditos.
O critério de selecção e diferenciação é o da acção, o das obras realizadas ou deixadas de realizar aos mais pequenos, aos mais fracos, aos humildes, aos pobres, àqueles que Jesus identifica consigo próprio.
Mas se do lado de Jesus, da perspectiva do juiz, a insistência se coloca no agir, nas obras que foram feitas ou deixadas de fazer aos mais pequenos, do lado daqueles que as fizeram ou deixaram de fazer a insistência é colocada no olhar. Quando te vimos?
O olhar, a forma como se vê o outro, é assim a grande chave para a realização ou não das obras que nos podem alcançar a herança eterna, que nos podem colocar de um ou outro lado do juiz.
Jesus identifica-se com todos os humildes da terra, Jesus está presente em cada um deles, mas só o nosso olhar de amor, o nosso olhar convertido à pessoa de Jesus, nos pode dar essa visão, e a partir dela o discernimento das melhores obras a realizar.
Nós seremos julgado pelas nossas obras, como nos diz Jesus, mas seremos julgados paralelamente pelo nosso olhar, pelo olhar misericordioso e terno que é capaz de ver em cada dos nossos irmãos a pessoa de Jesus.
Tal como diz São João, no fim seremos julgados pelo amor, o amor que transfigura o olhar, pelo amor que reconhece no outro a presença de Deus, pelo amor que se actualiza em acção e obra de misericórdia.

 
Ilustração:
“O Juízo Final”, de Fra Angélico, Gemäldegalerie, Berlim.

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