segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ao ver a fé daquela gente… (Lc 5,20)

Jesus ficou surpreendido com a fé daquela gente e não era para menos, nós também ficaríamos depois de vermos todos os esforços a que se dedicaram para conseguir introduzir o paralítico que jazia no catre junto de Jesus.
Jesus encontra-se a ensinar quando aparecem uns homens que trazem um paralítico para que seja curado. É difícil a entrada até onde ele se encontra, pois a multidão apinha-se até à porta e não deixam passar aqueles que chegaram mais tarde. Como poderiam deixar então passar alguém que é trazido num catre, alguém que tem de ser acompanhado por outros para que possa chegar a algum lado.
Perante o impossível, a ousadia de arriscar em algo completamente impensável, a ousadia de arriscar uma possibilidade inusitada. Sobem ao terraço, sobem o catre com o paralítico e por entre as telhas descem-no até à presença de Jesus.
Podemos imaginar a surpresa, a estupefacção dos presentes face ao aparecimento do paralítico suspenso no ar, até a crítica que se gerou naqueles que pouco antes os tinham impedido de passar. Como era possível? Como tinham tido tal ousadia?
Contudo, e como Jesus reconhece, era a fé que os movia, era a fé que alimentava a ousadia e por essa fé conseguiram a cura que buscavam, ou mais, conseguiram a cura física e a cura espiritual daquele que ali tinham trazido e introduzido.
Perante os resultados finais dos esforços daqueles homens, a cura do paralítico e a sua salvação, podemos e devemos interrogar-nos sobre a ousadia a que nos conduz a nossa fé. De que modo a nossa fé em Deus, da sua acção sobre a nossa vida, nos leva a esforços extraordinários, nos conduz a possibilidades tão arriscadas quanto ousadas? Teremos nós hoje a ousadia de subir ao terraço da nossa consciência, levar o paralítico connosco no que ele representa de paralisia das nossas vidas, e apresentá-lo a Jesus? Dar-nos-emos ao trabalho de tentar introduzir junto de Jesus aqueles que conhecemos e reconhecemos como paralíticos, necessitados da palavra salvadora de Jesus e da nossa intervenção empenhada e ousada?
Prepararmo-nos para o Natal é também enveredar por esforços para que o menino Deus nasça nos corações daqueles que não conseguem entrar pelos seus meios, que estão paralisados nos seus medos e temores de Deus, é agirmos com fé e confiança de que alguma coisa acontece se da nossa parte não nos escusarmos ou fugirmos aos esforços que nos competem.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto que elaborou é importante, magnificamente ilustrado, que nos recorda que a fé “move montanhas”, como Jesus é misericordioso, como somos responsáveis por “remover as telhas que nos cobrem” para ir até Jesus, para os nossos pedidos “materiais” mas também os “espirituais”, como somos responsabilizados por “ introduzir junto de Jesus aqueles que conhecemos e reconhecemos como paralíticos, necessitados da palavra salvadora de Jesus e da nossa intervenção empenhada e ousada”.
    Obrigada por nos interpelar de forma tão directa ... “Perante os resultados finais dos esforços daqueles homens, a cura do paralítico e a sua salvação, podemos e devemos interrogar-nos sobre a ousadia a que nos conduz a nossa fé. De que modo a nossa fé em Deus, da sua acção sobre a nossa vida, nos leva a esforços extraordinários, nos conduz a possibilidades tão arriscadas quanto ousadas? Teremos nós hoje a ousadia de subir ao terraço da nossa consciência, levar o paralítico connosco no que ele representa de paralisia das nossas vidas, e apresentá-lo a Jesus? Dar-nos-emos ao trabalho de tentar introduzir junto de Jesus aqueles que conhecemos e reconhecemos como paralíticos, necessitados da palavra salvadora de Jesus e da nossa intervenção empenhada e ousada?”
    Que Jesus nos reforce a nossa fé para nos libertamos das ideias pré-concebidas, das nossas desconfianças, dos nosssos receios, do conforto excessivo que nos paralisa e nos ilumine e inspire para que saibamos transmitir ao nosso semelhante a Verdade, a Palavra de Jesus.
    Bem haja Frei José Carlos por tudo e um grande obrigada pela disponibildade em partilhar connosco, sem regatear esforços, a palavra que nos ensina, que nos desinstala mas que nos mostra o “caminho”, e também nos reconforta.
    Votos de uma boa semana. Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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