sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Se tivesses atendido às minhas palavras… (Is 48,18)

Com que emoção e dor o Senhor desabafa a nossa falta de resposta às suas ofertas, como apesar de tudo não nos deixámos prender pelas suas palavras, não fomos capazes de ser fiéis. E tantas ofertas que Ele nos fez, a paz como um rio, a justiça como as ondas do mar, a descendência para a eternidade, a sua intimidade e amizade incontestável. Mas nós não nos deixámos envolver, não escutámos o seu apelo, não prestámos atenção à sua oferta, bem pelo contrário preferimos o caminho dos ímpios e dos pecadores à senda do seu amor. Em lugar de nos deixarmos guiar por Ele, sabendo para onde nos conduzia e como nos conduzia, preferimos ser como a palha levada pelo vento sem saber como nem para onde.
E quando já era bastante não darmos atenção, olharmos para o lado, decidimos contestar até as ofertas e o que elas significavam. Assim, quando João Baptista pregou o arrependimento e a penitência contestámos a sua dureza, a radicalidade das suas palavras e a extravagância do seu agir no deserto. Como Herodes gostávamos de o ouvir mas nada dele nos fez alterar um passo no nosso caminho.
Quando Jesus nos mostrou a benevolência de Deus, a intimidade a que éramos convidados, o amor que Deus nutre por nós, achámos que era demasiado bom para ser verdade, e quando o vimos estirado sobre a cruz gritámos que tinha ido longe de mais, não era necessário tanto, tinha exagerado em tanto amor e nós não podíamos pactuar com tanto.
E contudo, não deixámos nem deixamos de pedir que Deus se nos revele, que nos fale, que nos mostre o seu poder, que intervenha no mundo e na nossa vida para alterar o rumo das coisas. Continuamos a pedir caminhos quando eles já foram traçados e até em várias vias para que não nos pudéssemos escusar a seguir alguma.
A cada palavra nossa, a cada pedido de uma explicação de Deus, de uma palavra sua para consentirmos alterar a nossa vida, as nossas acções, Deus responde-nos com Jesus, indica-nos que o Filho foi a sua Palavra definitiva, que a verdadeira e única Sabedoria se fez caminho, verdade e vida em Jesus e que as suas obras dão testemunho disso.
Não podemos pedir mais, a resposta está dada e definitivamente.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio a Meditação que hoje partilha connosco e um sentimento de confiança e serenidade percorre o todo que sou: alma e corpo. Recordo a conversa desta tarde, numa breve pausa com uma amiga e colega sobre as conversões, a vivência da espiritualidade, e na conversa que tínhamos sobre a espiritualidade cristã, o que nos transforma (ou) ou não, a catequese, a filosofia, o conhecimento da história, do Evangelho, o papel da Igreja em sentido lato, os caminhos sinuosos que percorremos. E neste diálogo, como resposta a uma pergunta alguém respondeu que houve três elementos que foram fundamentais no percurso: a fé, a oração muito simples, bebida na infância, e o mais importante “Jesus, a Sua Vida, Paixão e Morte.”
    É essa sintonia que sinto quando leio e medito no penúltimo parágrafo do texto que o Frei José Carlos escreveu e que vem acidentalmente ao encontro da conversa que tivémos...” A cada palavra nossa, a cada pedido de uma explicação de Deus, de uma palavra sua para consentirmos alterar a nossa vida, as nossas acções, Deus responde-nos com Jesus, indica-nos que o Filho foi a sua Palavra definitiva, que a verdadeira e única Sabedoria se fez caminho, verdade e vida em Jesus e que as suas obras dão testemunho disso.”
    Obrigada por esta partilha que nos tranquiliza, encoraja, reconforta …” Não podemos pedir mais, a resposta está dada e definitivamente.”
    Bem haja.
    Votos de um bom fim de semana.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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