terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Arrependeu-se e foi trabalhar na vinha do pai! (Mt 21,29)

Jesus encontra-se com os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo e face à sua atitude não pode deixar de os provocar. Trata-se de tentar uma vez mais um processo de conversão.
E é nesse sentido que Jesus apresenta a parábola dos dois filhos que são convidados a ir trabalhar para a vinha do pai. Se um se nega ao pedido do pai, mas mais tarde vai, o outro ainda que anuindo ao pedido do pai nunca chega a ir.
Estamos assim perante uma parábola que nos desafia na resposta à vontade do pai, no acolhimento da vontade do pai, que se traduz numa fidelidade na acção mais que na palavra dada, no consentimento manifestado.
A parábola dos dois filhos convidados a irem trabalhar para a vinha do pai vai no entanto mais longe, não se limita a uma realização da vontade do pai, ela ensina-nos algo fundamental sobre a misericórdia, sobre o amor de Deus para com os homens. E devemos estar atentos a isso.
A parábola ensina-nos que quaisquer que sejam as nossas acções passadas, Deus não recusa nem afasta um coração contrito e humilhado, um coração que reconhece os seus erros e procura ultrapassá-los. Que temos sempre uma oportunidade para cumprir a sua vontade.
O filho obediente da parábola, aquele que cumpre a vontade do pai, é o filho que se arrepende e volta atrás na sua decisão, é aquele que é capaz de perceber o amor do pai expresso no pedido de trabalho e deixa a sua vontade e liberdade para obedecer ao pai.
A conversão, a mudança de vida e de decisão é assim a verdadeira obediência, o verdadeiro acolhimento da vontade do pai. E esta conversão, esta alteração, provoca em nós uma verdadeira separação, um golpe decisivo entre o passado e o presente. Há um antes e um depois.
Neste Advento somos assim convidados a este golpe, a uma separação das águas entre o passado e o presente para que dessa forma vivamos verdadeiramente a vontade do Pai. A nossa conversão é uma abertura, um acolhimento, do trabalho que o Pai nos pede.

 
Ilustração:
“Parábola dos dois filhos”, de Andrey Mironov.

2 comentários:

  1. Obrigada, Caro Frei José Carlos, por salientar-nos que o Senhor é um Deus de misericórdia, de Amor, e que ...” quaisquer que sejam as nossas acções passadas, Deus não recusa nem afasta um coração contrito e humilhado, um coração que reconhece os seus erros e procura ultrapassá-los.
    É como afirma ...” Há um antes e um depois.”... Que o Senhor nos ajude no processo de conversão, de abertura, de transformação ao longo da vida, a deixar-nos encontrar por Jesus, levantando-nos nas nossas quedas e, guiando-nos na busca do caminho e da verdade.
    Bem-haja por recordar-nos que ...”temos sempre uma oportunidade para cumprir a sua vontade” ..., pelo desafio e convite que nos deixa nesta caminhada conjunta de Advento, pela força e coragem que nos transmite pela reflexão profunda que partilha.
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Grata,pela bela partilha,tão profunda para nossa reflexão.Somos convidados neste Advento a uma mudança de vida a uma verdadeira conversão, para que possamos acolher o Senhor que vem a cada um de nós.
    Obrigada,Frei José Carlos,pela maravilha de meditação que partilhou connosco e pela beleza da ilustração.Que o Senhor o ilumine o ajude e o abençõe.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

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