O encontro de Jesus no
templo com os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo dá origem a um debate
sobre a autoridade, a autoridade de Jesus para ensinar no templo, ele que não
pertencia à classe dos sacerdotes. Trata-se de aferir se aquele que tinha
entrado em Jerusalém aclamado como Messias pelo povo tinha autoridade para
exercer alguma actividade no templo.
Face ao desafio Jesus
confronta os seus adversários, aqueles que colocam em questão a sua autoridade,
com a figura de João Baptista, uma pessoa conhecida de todos e cuja autoridade
era também um desafio ao estatuído e instituído, àqueles mesmos que o
interrogavam e colocavam em causa a sua autoridade.
A resposta dos príncipes
dos sacerdotes e dos anciãos do povo às perguntas de Jesus é uma manobra
retórica, uma táctica para escapar e iludir a questão colocada, uma questão
séria sobre a autoridade e autenticidade de João Baptista.
Contudo, o que está em
causa não são artifícios de retórica, nem técnicas de argumentação, mas uma
realidade e uma questão para as quais os príncipes dos sacerdotes e anciãos do
povo não tinham outra resposta, porque de facto eles não sabiam o que se estava
a passar, o que verdadeiramente estava em causa.
Eles não podiam saber
de onde vinha o baptismo de João porque não tinham reconhecido nele a voz que
clama no deserto, o cumprimento da profecia feita pelo profeta, eles não o
tinham ainda verdadeiramente escutado com o coração e portanto não tinham ainda
entrado na lógica da conversão inerente à missão e às palavras de João.
Deste modo, e diante
desta ignorância Jesus não lhes podia responder à questão que colocavam, não
lhes podia dizer com que autoridade ensinava no templo e realizava milagres. Eles
não estavam preparados para isso, para acolher e compreender a sua mensagem.
Também nós podemos
escutar as mesmas palavras e resposta de Jesus, na medida em que não nos
dispomos a acolher o processo de conversão, o apelo à mudança que ecoa nas
palavras e missão de João Baptista. Necessitamos preparar o coração e a nossa
vida para que as palavras de Jesus possam ser acolhidas e possam fazer-se carne
da nossa carne.
É no nosso coração que
o Menino Deus deve nascer, mas para que isso aconteça não podemos dizer que não
sabemos o que é necessário. A Palavra de Deus, em cada dia, nos alerta e
desafia à preparação desse acolhimento, ao nascimento do Menino Filho de Deus.
“Os fariseus interrogam Jesus”, de James Tissot, Brooklyn Museum.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada,pela reflexão tão profunda e rica de sentido,que nos ajuda viver esta Advento com mais profundidade.Pela beleza da ilustração.Continuação de uma boa semana.Desejo-lhe um bom dia.Bem-haja,Frei José Carlos,por nos ajudar a viver este Advento com mais profundidade.Que o Senhor o guarde e o proteja.
Um abraço fraterno.
AD