As histórias de Jesus não são simples, muitas vezes desenvolvem-se num enredo que nos obriga a uma paragem, a um olhar mais atento.
É o caso do paralítico
que é introduzido junto de Jesus pelo telhado, uma vez que aqueles que o
transportavam não conseguiam passar a multidão aglomerada diante da porta.
Espectáculo excepcional,
inusitado, e que nos mostra a confiança daqueles homens e muito particularmente
daquele paralítico, certamente vexado pela multidão face à ousadia de aparecer
como caído do céu.
Para Jesus o objectivo
é bem claro desde o primeiro momento e os fins são proporcionados ao que se
pretende, encontrar-se face a face com Jesus para ser curado.
Cura que passa antes
de mais pelo perdão dos pecados, pela restituição da dignidade como filho de
Deus. Só depois acontece a cura física que não é mais que uma manifestação, um
sinal, da cura interiormente operada.
Como consequência do
perdão e da cura realizadas a invectiva de Jesus é clara, aquele homem deve
levantar-se, pegar na sua enxerga e ir para casa. Há uma nova vida, este é o
começo dessa nova vida e portanto não pode permanecer ali nem deixar a sua
enxerga para trás.
Ao sair carregando a
sua enxerga, o Evangelho mostra-nos que aquele homem assume a sua condição, o
seu passado, e certamente o seu pecado, mas é só carregando com ele que pode
partir glorificando o Senhor.
Também nós, quando
carregamos com as nossas fraquezas e debilidades, com as nossas faltas e
pecados, transformados pelo perdão de Deus, podemos seguir em frente na nossa
vida e glorificar o Senhor. Porque os nossos pecados foram perdoados,
transportamos já connosco o dom do perdão e da salvação, e portanto louvamos a
Deus pela graça alcançada, pelo tesouro de uma vida nova que nos confiou.
“A crua do paralítico”, vitral da Catedral de Saint Colmans, Cobh, Irlanda.
Realmente é mais importante olhar o futuro e carregar a Graça do perdão que ficar lamentando o passado sem dar o passo que nos levaria a uma vida nova. Inter pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarAo ler tão belo texto fiquei maravilhada,é mesmo um espectáculo excepcional,inusitado,e que nos mostra a confiança daqueles homens e muito particularmente daquele paralítico.
O Evangelho mostra-nos que aquele homem assume a sua condição,o seu passado,e certamente o seu pecado.Também nós,quando carregamos com as nossas fraquezas e debilidades,com as nossas faltas e pecados,transformados pelo perdão de Deus,podemos seguir em frente na nossa vida com maior alegria e glorificar o Senhor!Porque os nossos pecados foram perdoados,transportamos já connosco o dom do perdão e da salvação,e portanto louvamos a Deus pela graça alcançada,pelo tesouro de uma vida nova que nos confiou.
Obrigada,Frei José Carlos,pelas palavras profundas e maravilhosamente belas,que nos ajudam a reflectir com mais profundidade nesta segunda semana de Advento e também pela excelente ilustração.Bem-haja.
Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.Continuação de uma boa semana,com paz e alegria.Um bom descanso.
Um abraço fraterno.
AD
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarHesito muito em escrever duas linhas sobre a reflexão que partilha desde o dia em que a li. Imagino Jesus a dar testemunho, a ensinar no Templo, passando a maior parte do tempo no exterior, nas periferias, a ir ao encontro do outro, acolhendo todos, em especial, os que mais precisavam, levando-os ao caminho da fé, da verdade, da partilha do amor e dos bens, ..., e ... perdoando com amor e misericórdia as fragilidades e defeitos do seu próximo, sem “consultar qualquer livro de direito” para saber se o devia perdoar... E, como, ao longo dos séculos, institucionalmente, foi feita a apropriação da Palavra!
Concordo plenamente com o Frei José Carlos quando afirma que ...” Também nós, quando carregamos com as nossas fraquezas e debilidades, com as nossas faltas e pecados, transformados pelo perdão de Deus, podemos seguir em frente na nossa vida e glorificar o Senhor”... mas sabemos que a realidade é substancialmente diferente!
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da meditação que nos desinstala, e nos leva a transformar o passado, para viver o presente, olhando o futuro. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Um abraço mui fraterno,
Maria José Silva