quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

És tu Aquele que devia vir? (Lc 7,19)


João Baptista encontra-se na prisão e face ao que ouve contar de Jesus envia dois dos seus discípulos interrogar Jesus. É ele aquele que devia vir, aquele que João tinha anunciado estar para vir, ou deviam continuar a esperar?
Jesus realiza diversas curas diante deles para que pudessem levar a resposta a João. Não era uma confirmação verbal que atestava a novidade, mas a acção realizada, os gestos que manifestavam que algo novo estava a acontecer.
Também nós, das nossas prisões, lançamos muitas vezes esta questão, perguntamos se podemos esperar, se não se trata tudo de um equivoco, de uma alienação para não enfrentarmos por nós próprios e com as nossas forças os desafios e batalhas.
Poderíamos pensar que é uma tentação, certamente algumas vezes é, mas na maior parte dos casos é o resultado do nosso cansaço, dessa experiência de prisão na qual já não vemos luz para dar mais um passo, para continuar a manter acesa a chama da esperança. 
E, contudo, é aí que Jesus mais está presente, que Jesus mais se revela como aquele que é, como aquele em quem devemos colocar a nossa esperança. Esta esperança não nos é garantida por uma palavra, ou por um discurso, não foi assim que Jesus respondeu aos discípulos de João, mas por um conjunto de sinais, frequentemente silenciosos, que nos manifestam a acção de Deus.
O olhar terno de uma mãe para com o seu filho, a noite em claro passada à cabeceira do doente, a compreensão de um filho pelo desaire de mãos do seu pai idoso, a palavra de ânimo de alguém que nem conhecemos, um sorriso trocada com um criança num banco de autocarro, a flor que radiosa ilumina o recanto do nosso gabinete de trabalho, uma ideia genial depois de um dia de trabalho desgastante e árido de ideias criativas.
Quantos milagres acontecem no nosso quotidiano e no mostram a presença de Deus, que Jesus é aquele que devemos esperar e no qual devemos colocar a nossa confiança. A João faltam-lhe elementos para alicerçar a sua confiança, e por isso as curas que Jesus realiza, mas a nós não nos faltam elementos, e para além deles ainda temos a promessa deixada aos discípulos de que estaria com eles até ao fim dos tempos. Acreditamos?

 
Ilustração:
“A prisão de São João”, fresco de Joseph Anton Hafner, igreja de Oberzell.

3 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    Acreditamos sim! Mas na realidade, temos momentos, pelas mais diversas razões que nos questionamos, temos dúvidas. Precisamos parar e perceber o que nos leva ao desânimo, à falta de esperança. Perguntamo-nos, se temos tantos sinais que Jesus é um Deus connosco, nunca nos abandonou em momentos tão difíceis da vida, e de cuja acção nem nos demos conta naqueles momentos, afinal porque continuamos a interrogar-nos... .
    Porém, como Frei José Carlos afirma, ...” Poderíamos pensar que é uma tentação, certamente algumas vezes é, mas na maior parte dos casos é o resultado do nosso cansaço, dessa experiência de prisão na qual já não vemos luz para dar mais um passo, para continuar a manter acesa a chama da esperança. (...) Quantos milagres acontecem no nosso quotidiano e nos mostram a presença de Deus, que Jesus é aquele que devemos esperar e no qual devemos colocar a nossa confiança.”...
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, que nos desinstalam e levam a reflectir sobre a nossa falta de confiança em Jesus, em momentos importantes e dificeís do quotidiano, ...” E, contudo, é aí que Jesus mais está presente, que Jesus mais se revela como aquele que é, como aquele em quem devemos colocar a nossa esperança. “ Bem-haja, pela força que nos transmite, por recordar-nos a promessa de Jesus deixada aos discípulos ...” de que estaria com eles até ao fim dos tempos”. ...
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o cumule de todas as graças.
    Continuação de uma boa semana. Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

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  2. olá

    gostaria de falar consigo para lhe pedir autorização para utilizar um texto deste blog num site paroquial; não encontrei nenhum contacto, por isso pedia-lhe a gentileza de me escrever para o email abaixo ou indicar-me algum modo de entrar em contacto consigo. um grande bem-haja, obrigado.

    tamtumtim@gmail.com

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  3. Frei José Carlos,

    Grata,pela maravilhosa partilha tão profunda e pela beleza da ilustração que muito gostei.As suas palavras tão ricas de sentido e profundas que nos dão força para manter acesa a chama da esperança.E,contudo é aí que Jesus mais está presente,que Jesus mais se revela como aquele que é, como aquele em quem devemos colocar a nossa esperança.Temos ainda a promessa deixada aos discípulos de que estaria com eles até ao fim dos temos.Acreditamos ? Sim!Plenamente,que ele está connosco até ao fim dos tempos.
    Obrigada,Frei José Carlos,pela beleza de meditação que nos dá força para a nossa caminhada do Advento.Bem-haja.Que o Senhor o ilumine o proteja e o abençoe.Desejo-lhe um bom dia com paz e alegria.Bom descanso.
    Um abraço fraterno.
    AD

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