sexta-feira, 24 de março de 2017

Amarás! (Mc 12,30)

Um escriba chega perto de Jesus e pergunta-lhe qual é o primeiro dos mandamentos. Seria um exame doutrinal, ou uma armadilha? Jesus não se preocupa com isso e responde ao escriba.
A resposta de Jesus é a citação dos versículos que qualquer judeu piedoso deve recitar em cada manhã. O nosso Deus é o único Senhor que amarás de todo o teu coração, tal como está consignado no Livro do Deuteronómio.
O escriba apenas solicita o primeiro mandamento, um único mandamento, para que Jesus passe no exame, mas Jesus não se limita a tal e enuncia paralelamente ao texto do Deuteronómio o texto do Levítico: amarás o teu próximo como a ti próprio.
O escriba conhece um e outro mandamento e por isso não pode ficar senão satisfeito com a resposta de Jesus, que felicita igualmente o escriba pela sua satisfação e alegria, manifestando-lhe que não estava longe do Reino de Deus.
O mandamento primeiro é assim o mandamento do amor, explicitado numa dupla dimensão, o amor a Deus e o amor ao próximo. É com essa dupla explicitação que se constrói e desenvolve o Reino de Deus.
O Reino de Deus é assim amar, o amor colocado em actos concretos quer dirigidos a Deus quer dirigidos aos irmãos, aos outros homens e mulheres. O amor dirigido aos irmãos, aos outros homens e mulheres garante a autenticidade do amor a Deus, pois não pode amar o que é invisível aquele que não ama o seu irmão que é visível.
Como testemunha incomparável do amor a Deus e aos irmãos Jesus termina por assumir em si a dimensão do Reino, ele próprio é o Reino. E por essa razão procurar construir o Reino de Deus entre os homens obriga necessariamente a ter Jesus como centro, como modelo. Ele é o caminho, a verdade e a vida do Reino e para o Reino.
Procuremos pois seguir Jesus no seu modo de amar, conscientes que amar é uma ordem, um mandamento, que nos abre a oportunidade da realização plena como homens e como filhos de Deus.

 
Ilustração:
“Jesus penitente”, de Niccolò Frangipane, Carmen Thyssen Museum, Madrid.  

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,gostei muito desta reflexão e da beleza da ilustração.
    Que o Senhor o ajude e o proteja.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

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