quinta-feira, 23 de março de 2017

Um homem forte guarda o seu palácio. (Lc 11, 21)

Jesus realiza mais um milagre, expulsa um demónio, e o mudo liberto da possessão começou a falar. Como sempre a multidão que assistiu ao acontecimento comenta, reage, uns louvando outros criticando, uns acreditando outros querendo provas. Uma discussão sobre o poder se gera à volta de Jesus.
E é nesta discussão que Jesus nos apresenta aquela que podemos considerar uma realidade propensa à tentação, a confiança nas nossas forças e nas nossas armas, porque um homem forte e bem armado pode guardar o seu palácio. Quantas vezes não fazemos esta experiência, quantas vezes não nos fiamos no que temos, seja força, seja poder, seja prestígio? Quantas vezes acreditamos estar seguros com o que temos!
No entanto, e como Jesus alerta os seus ouvintes, nós desconhecemos a força do outro, pode aparecer alguém mais forte e mais bem armado que nos pode deitar por terra, que nos pode retirar as armas e as bases da segurança e obrigar a entregar o nosso palácio.
As história bíblicas apresentam-nos vários exemplos desta possibilidade, e apresentam-nos mesmo a possibilidade de isso acontecer com as forças obscuras que muitas vezes nos impedem de fazer o bem e fazer as coisas bem feitas. Forças que nos desarmam e vencem.
Jesus passou também por esta experiência nas tentações do deserto, mas se o adversário não o venceu, não o desarmou nem se apoderou do palácio da sua vontade, foi porque Jesus se apoiou na Palavra de Deus, porque soube responder às invectivas do inimigo com as armas da Palavra divina e a assistência do Espirito Santo.
Hoje Jesus assegura-nos esse mesmo apoio e por isso nos diz que só vence quem está com ele, só junta quem junta com ele, só vive quem vive com ele, ele é o homem forte no qual nos podemos apoiar para defender o nosso palácio.
Jesus venceu o maligno e venceu-o com armas poderosas, as armas do amor e da obediência, da humildade e da confiança em Deus Pai, e oferece-nos a sua protecção, se nos acolhermos a ele, se nos colocamos sob a sua guarda e protecção. Esta é a condição, e não há meios-termos, ou estamos com ele ou estamos contra ele. É afinal uma escolha radical e total que compromete toda a minha vida.
Procuremos pois fazer as escolhas acertadas, sem medo de nos acolhermos sob a protecção de Jesus, à guarda dos seus exércitos celestes.

 
Ilustração:
“Ecce homo com as Arma Christi”, de Jan Mostaert, Hamburg Kunsthalle, Alemanha.

1 comentário:

  1. A confiança no que temos, no que somos, no que podemos, leva-nos muitas vezes a errar e a escolher o caminho errado. Mas é tão difícil despirmo-nos da confiança em nós mesmos para confiar no Amor e no apoio incondicional de Deus...Uma boa tentativa de caminhada de Quaresma, não? Inter pars

    ResponderEliminar