Ao romper do primeiro dia da semana, depois de passado o sábado Maria de Magdala e a outra Maria foram ao sepulcro do Senhor e encontraram um anjo que lhes disse que Jesus tinha ressuscitado.
É com temor e alegria que rapidamente se afastam do túmulo, do lugar da morte, desse vazio no qual o Senhor Jesus já não se encontrava. Na sua alegria e no seu temor procuram a vida, aquele que segundo a informação dada pelo anjo estava vivo, tinha ressuscitado.
E ao afastarem-se do túmulo e da sua dimensão mortal, estas duas mulheres encontram-se com Jesus ressuscitado que lhes sai ao encontro. É nesse afastar-se da morte para encontrar a vida que se encontram com o ressuscitado.
Jesus aparece-lhes no caminho, sai ao encontro delas, para lhes aplacar o temor e fortalecer na alegria e por isso a sua primeira palavra é de saudação, de um convite à alegria e à confiança.
Nesta aparição não podemos deixar de ter presente que ela decorre da fé que Maria de Magdala e a outra Maria tiveram na palavra que o anjo lhes tinha anunciado. Porque acreditaram foi possível encontrar-se com Jesus, com esse Jesus que veio ao encontro delas.
Podemos assumir que o encontro com o ressuscitado é assim um encontro consequente com a fé em Deus que vem ao nosso encontro, com a fé no mistério da encarnação, com a fé em Deus que se revela Senhor da Vida.
E o encontro de Maria de Magdala e da outra Maria com Jesus é para as confirmar na missão que o anjo já lhes tinha enunciado, anunciar aos outros discípulos que o Senhor os precedia na Galileia, que havia a necessidade de voltar ao lugar no qual tudo tinha começado.
Mas se há essa necessidade não é para voltar ao passado e prender-se lá, para fazer memória, mas para a partir da memória viver o futuro, alimentar a confiança e a fé, a esperança face as novos desafios, naquilo que se havia vivido.
Neste sentido, e tal como estas mulheres, também nós somos chamados a afastar-nos daquelas realidades que nos podem sepultar, encerrar nos túmulos sem vida e sem luz, para nesse processo nos encontrarmos com Jesus ressuscitado e a partir de todas as experiências de vida com ele, sermos capazes de o anunciar com toda a fé, confiança e amor.
Que este tempo pascal nos seja propício a este encontro de vida.
Ilustração: “Jesus com as três Marias”, de pintor anónimo flamengo do século XVI.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo texto da Meditação que partilha connosco é manifesto o papel da fé em Deus, da procura e do encontro. O encontro com a vida.
...” depois de passado o sábado Maria de Magdala e a outra Maria foram ao sepulcro do Senhor e encontraram um anjo que lhes disse que Jesus tinha ressuscitado.(…)
E ao afastarem-se do túmulo e da sua dimensão mortal, estas duas mulheres encontram-se com Jesus ressuscitado que lhes sai ao encontro.”…
Como nos salienta ...” Podemos assumir que o encontro com o ressuscitado é assim um encontro consequente com a fé em Deus que vem ao nosso encontro, com a fé no mistério da encarnação, com a fé em Deus que se revela Senhor da Vida.
E o encontro de Maria de Magdala e da outra Maria com Jesus é para as confirmar na missão que o anjo já lhes tinha enunciado, anunciar aos outros discípulos que o Senhor os precedia na Galileia, que havia a necessidade de voltar ao lugar no qual tudo tinha começado.”…
Bem-haja, Frei José Carlos, por nos recordar que …”tal como estas mulheres, também nós somos chamados a afastar-nos daquelas realidades que nos podem sepultar, encerrar nos túmulos sem vida e sem luz, para nesse processo nos encontrarmos com Jesus ressuscitado e a partir de todas as experiências de vida com ele, sermos capazes de o anunciar com toda a fé, confiança e amor.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, que nos deinstala, que nos ilumina e compromete. Que o Senhor o ilumine e abençõe.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo o texto de uma oração.
ORAÇÃO
DA MANHÃ
DE PÁSCOA
Dá-nos, Senhor, a coragem dos recomeços. Mesmo nos dias quebrados faz-nos descobrir limiares límpidos.
Não nos deixes acomodar ao saber daquilo que foi: dá-nos largueza de coração para abraçar aquilo que é.
Afasta-nos do repetido, do juízo mecânico que banaliza a história, pois a desventra de qualquer surpresa e
esperança.Torna-nos atónitos com os seres que florescem. Torna-nos livres, deslumbrantemente insubmis-
sos. Torna-nos inacabados como quem deseja e de desejo vive. Torna-nos confiantes como os que se atre-
vem a olhar tudo, e a si mesmos, uma primeira vez.
(In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)