terça-feira, 24 de abril de 2012

Que sinal nos dás para vermos e acreditarmos em ti? (Jo 6,30)

É um ponto central da nossa cultura, da nossa forma moderna de estar no mundo e na vida, ter os pés bem assentes na terra, ser precavidos e preventivos. Procura-se que haja pouca margem para um qualquer imprevisto, tudo tem que estar assegurado.
Neste sentido não investimos, não nos implicamos em nenhuma realização sem antes a estudar detalhadamente, sem perceber quais os seus pontos fortes e debilidades, sem ter uma perspectiva dos resultados e dos riscos que são necessários correr.
A multidão que se encontra com Jesus depois da multiplicação dos pães situa-se na mesma atitude, nesta mesma mentalidade moderna, e assim, mesmo depois de ter visto o milagre da multiplicação dos pães, de ter sido saciada, continua a pedir um sinal, algo que de facto os prenda, os leve a acreditar.
Tal como quase todos nós em algum momento da vida, a multidão exige uma garantia para acreditar, para se dispor a seguir Jesus sem qualquer relutância, sem qualquer dúvida, de uma forma total e radical. No fundo aquela multidão acredita que nada aparece de graça, nada cai do céu, porque apenas de graça e do céu caiu o pão que comeram no deserto, o maná.
A multidão opõe a Jesus e à sua oferta o modelo e o protótipo de Moisés, a quem atribuem o milagre do maná no deserto, o maior sinal de solicitude de Deus para com o seu povo, pois alimentou-o com esse pão caído do céu durante quarenta anos. Jesus é desta forma desafiado a fazer algo tão extraordinário como o que fez Moisés, para que dessa forma seja confirmado como profeta.
Jesus, esclarecendo o milagre de que afinal Moisés tinha sido apenas intermediário, apresenta-se como o verdadeiro pão descido do céu, como o verdadeiro e maior sinal de solicitude de Deus para com o povo, para com a humanidade. Não era já um alimento para o corpo físico que era enviado aos homens, mas a própria vida, a oferta da vida, e de uma vida eterna.
Jesus é a oferta mais gratuita, o mais excelente dom, e por isso não há espaço para garantias nem provas, ele mesmo é a garantia e a prova e ou se aceita ou se recusa. Jesus em si mesmo é o sinal por excelência, é o maior milagre que Deus podia realizar e portanto nada mais há a pedir.
Ao celebrarmos a Semana de Oração pelas Vocações peçamos ao Senhor que toque os nossos corações, e o de muitos jovens, para que acreditemos e o sigamos sem cairmos na tentação da demanda de garantias, aceitando que ele é o único e verdadeiro sinal, acreditando que ele é a mais cabal garantia da felicidade a que Deus nos chama a viver.

Ilustração: “Cristo em casa de Marta e Maria”, de Jan Vermeer van Delft, National Gallery of Scotland, Edimburgo.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por nos dizer de forma tão profunda e bela que ...” Jesus é a oferta mais gratuita, o mais excelente dom, e por isso não há espaço para garantias nem provas, ele mesmo é a garantia e a prova e ou se aceita ou se recusa. Jesus em si mesmo é o sinal por excelência, é o maior milagre que Deus podia realizar e portanto nada mais há a pedir.”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e ...” ao celebrarmos a Semana de Oração pelas Vocações peçamos ao Senhor que toque os nossos corações, e o de muitos jovens, para que acreditemos e o sigamos sem cairmos na tentação da demanda de garantias, aceitando que ele é o único e verdadeiro sinal, acreditando que ele é a mais cabal garantia da felicidade a que Deus nos chama a viver.”
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pela força que nos tramistem. Que o Senhor o abençõe e o guarde.
    Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar