Ao apresentar-se como Pão da Vida, como alimento, Jesus diz àqueles que o escutam e a cada um de nós que quem comer deste pão viverá eternamente.
Podemos perguntar-nos como é possível, afinal que pão é este que tem a capacidade de alimentar para a eternidade? Haverá de facto um alimento que nos salva da morte, que nos dará a subsistência para além dos anos da vida?
São Tomás de Aquino no seu Comentário ao Evangelho de São João apresenta a seguinte explicação:
“É necessário dizer que a intenção do Senhor é a seguinte: desce do céu o pão que pode dar a vida, ora ele é esse que desce, pelo que ele é o pão que desce do céu. E se o pão que desce do céu dá a vida eterna, é porque todo o alimento alimenta segundo a propriedade da sua natureza. Ora as realidades celestes são incorruptíveis, pelo que este alimento, sendo celeste, não se corrompe, e por consequência vivifica também enquanto se conservar. Aquele que o tiver comido não morrerá jamais. Da mesma maneira que se um alimento corporal não se corrompendo, ao ser comido, não deixa de vivificar.” (Comentário sobre São João, 955)
Jesus é para cada um de nós pão do céu, pão de vida eterna, porque ele mesmo é eterno, porque é a vida, e portanto todos os que se alimentam dele são assumidos por essa vida e essa eternidade.
Senhor Jesus que eu tenha sempre fome e sede de ti!
Ilustração: “Jesus Pão da Vida”, de Juan de Juanes, Colecção Sammlung Esterházy, Budapeste.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarPermita-me recordar que alimentar-se de Jesus, aderir ao projecto de Deus, é também seguir o caminho de Jesus, no amor e serviço ao próximo, na participação da construção de um mundo novo, de paz e de justiça. É procurar ser fraterno, ser solidário socialmente. É ter a esperança, acreditar num mundo novo, fundado no amor que Jesus nos trouxe e nos ensinou.
Bem-haja por salientar-nos que ...“ao apresentar-se como Pão da vida, como alimento, Jesus é para cada um de nós pão do céu, pão de vida eterna, porque ele mesmo é eterno, porque é a vida, e portanto todos os que se alimentam dele são assumidos por essa vida e essa eternidade”.
Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação. Que o Senhor o abençoe e o guarde.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP
da consolação
dá, Senhor, os dons da constância/e da consolação à nossa casa/segundo a tua liberalidade/
e não a nossa economia//
dá a graça da hospitalidade à nossa casa/ para acolher a diferença/na unidade da fé/
e o que sobrevém sem avisar/e nos altera//
dá-nos a invencibilidade da esperança/que o teu amor garante/e o teu Espírito derrama//
seja o teu amor a sustentação do que se espera/no escuro do desejo//
inscreve em nós a verticalidade do céu/que nos remete à fonte de onde a graça corre/
Deus que assistes ao nosso desejo e às nossas dívidas
(In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)