segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Se tivésseis fé como um grão de mostarda (Lc 17,6)

Diante do mandamento do perdão, face às faltas do outro ao longo do dia, os discípulos pediram a Jesus que lhes aumentasse a fé, conscientes que não é fácil perdoar o outro, passar uma borracha sobre os erros dos outros.
A resposta de Jesus ao pedido dos discípulos é no mínimo desconcertante, pois contrariamente ao pedido do aumento de fé parece diminuí-la, desvalorizá-la, relativizá-la, na medida em que apela à fé como um pequeno grão de mostarda. Não há necessidade de ter uma grande fé.
Quando muitas vezes nos colocamos a questão da fé, e da nossa fé na sua fragilidade, e pedimos a Deus que aumente a nossa fé, a resposta de Jesus aos discípulos colide inevitavelmente com esse pedido. Assim sendo, o que necessitamos face à fragilidade da nossa fé?
O grão de mostarda é neste sentido exemplar porque não sendo uma grande semente é capaz de dar origem a um grande arbusto, no qual os pássaros se podem abrigar. Afinal a questão não se coloca em termos de tamanho, de grandeza, mas de fecundidade e fertilidade.
A nossa fé, a nossa pequena e frágil fé, é já enorme, porque antes de mais é dom de Deus, é já uma realidade divina e portanto inevitavelmente destinada à fertilidade, ao crescimento e à multiplicação. Ainda que pequena, a nossa fé está de esperanças, pronta a dar à luz como as estrelas na noite escura.
Não nos devemos portanto assustar com a nossa pouca fé, com a sua fragilidade e pequenez, mas bem pelo contrário alegrar-nos com ela e por ela, procurando alimentá-la, fortalecê-la para que possa alcançar toda a plenitude e todo o fruto de que é portadora em potência.
Como todos os dons que nos vai oferecendo, que o Senhor nos conceda a fé e o desejo de a ir alimentando, fortalecendo, iluminando, de modo a que possa ser o nosso abrigo, a nossa fortaleza, a nossa ancora nos momentos de desanimo e sofrimento.
 
Ilustração: “Triunfo da fé sobre os sentidos”, de Juan António de Frias y Escalante, Museu do Prado, Madrid.
 

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio o texto da Meditação que teceu e sabendo que a fé não é uma medida, um peso, uma contabilidade que se vai fazendo, perguntei a mim própria o que pretendo quando peço ao Senhor para mim e para os outros que “aumente ou reforce a fé”. Na realidade o que quero dizer é que esse dom de Deus seja inabalável, aconteça o que acontecer, independentemente de todas as fragilidades, hesitações, dúvidas que nos fazem vacilar e que por vezes são salutares no nosso peregrinar.
    E Frei José Carlos esclarece a resposta de Jesus e vem ao nosso encontro …”A nossa fé, a nossa pequena e frágil fé, é já enorme, porque antes de mais é dom de Deus, é já uma realidade divina e portanto inevitavelmente destinada à fertilidade, ao crescimento e à multiplicação. Ainda que pequena, a nossa fé está de esperanças, pronta a dar à luz como as estrelas na noite escura.”…
    A questão como bem afirma está do nosso lado, ao nosso alcance, ….”Não nos devemos portanto assustar com a nossa pouca fé, com a sua fragilidade e pequenez, mas bem pelo contrário alegrar-nos com ela e por ela, procurando alimentá-la, fortalecê-la para que possa alcançar toda a plenitude e todo o fruto de que é portadora em potência”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e peçamos ao …” Senhor que nos conceda a fé e o desejo de a ir alimentando, fortalecendo, iluminando, de modo a que possa ser o nosso abrigo, a nossa fortaleza, a nossa ancora nos momentos de desanimo e sofrimento.”
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, que nos ajudam a esclarecer algumas das interrogações com que nos defrontamos no dia-a-dia e a assumir as nossas responsabilidades.
    Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
    Continuação de um bom dia. Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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