quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Não deveis preparar a vossa defesa! (Lc 21,14)

Face ao anúncio de perseguições, de ameaças de morte, da traição dos mais próximos, por causa do seu nome, Jesus adverte os discípulos para que não se preocupem com a preparação da defesa.
Proposta estranha, advertência desconcertante, que nos deixa entregues aos carrascos, aos perseguidores, sem que uma palavra deva ser proferida.
Contudo, a história não deixa de nos dar exemplos, testemunhos, de como este conselho de Jesus é verdadeiramente significativo, de como é uma arma terrível que pode de facto produzir efeitos insuspeitos naqueles que violentam e ofendem, que perseguem e matam.
A história da Igreja, e sobretudo a história das perseguições aos cristãos nos mais diversos tempos e espaços geográficos, testemunha-nos que o silêncio fiel, a perseverança na fé até ao fim, é uma sabedoria que provoca o mundo e o questiona.
O sangue dos mártires, no seu silêncio, na sua fidelidade é, e tem sido ao longo dos tempos, semente de novos cristãos. O dom da vida entregue por Jesus, pela verdade do homem que ele nos revela, pela justiça que devemos uns aos outros como irmãos, é interpelador da nossa vida e da nossa posição face a ela.
E se temos a graça de viver num país no qual os cristãos não são perseguidos não podemos esquecer aqueles com os quais tal não acontece, bem como o desafio que nos apresenta a indiferença de tantos dos nossos irmãos, que nãos nos perseguem nem nos violentam, mas que nos urgem no mesmo testemunho fiel e perseverante dos mártires, pois a indiferença é outra manifestação da luta contra Deus, certamente até mais insidiosa.
Necessitamos portanto, pela oração, pela frequência dos sacramentos, pela caridade diligente, alimentar e fortalecer a nossa fé, aproximar-nos de Jesus Cristo como vitória sobre o mal, de modo a que a nossa vida seja um eloquente testemunho pela confiança depositada.

 
Ilustração: “A Jovem Mártir” de Paul Delaroche, Museu do Louvre, Paris.

3 comentários:

  1. Que alimentemos a nossa Fé, com os meios mais adequados,para continuarmos a ser testemunho junto dos que são crentes e dos que nos ignoram e nos olham com indiferença. Inter Pars

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  2. E tenhamos uma certeza " a Graça tarda mas não falha " M.T.C.

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  3. Caro Frei José Carlos,

    Leio e reflicto com muito interesse o texto da Meditação que teceu e que vai ao encontro das questões e reflexões que vamos colocando no peregrinar da vida mas também fruto de um ano atribulado para tantos de nós e, por factos recentes que nos atingem directa ou indirectamente nas várias dimensões política, social, religiosa, familiar e profissionalmente.
    Nos dias de hoje, se certas perseguições a vários níveis, não se fazem de espada em riste, as mesmas assumem carácter mais subtil... E, se me permite, Frei José Carlos, como sempre, essas formas de actuação ainda que por vezes, assumam uma forma pessoal, isolada, manifestam-se e persistem porque há colaboradores nessa forma de actuação. Há receio, medo dos que os rodeiam e que se refugiam no silêncio, acabando por pactuar.
    Como nos afirma ...” E se temos a graça de viver num país no qual os cristãos não são perseguidos não podemos esquecer aqueles com os quais tal não acontece, bem como o desafio que nos apresenta a indiferença de tantos dos nossos irmãos, que não nos perseguem nem nos violentam, mas que nos urgem no mesmo testemunho fiel e perseverante dos mártires, pois a indiferença é outra manifestação da luta contra Deus, certamente até mais insidiosa”. …
    O texto que escreveu vai para além das fragilidades de cada um de nós e, recordando-nos as palavras de Jesus segundo São Lucas (21,14), exorta-nos ...” pela oração, pela frequência dos sacramentos, pela caridade diligente, alimentar e fortalecer a nossa fé, aproximar-nos de Jesus Cristo como vitória sobre o mal, de modo a que a nossa vida seja um eloquente testemunho pela confiança depositada.”
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, importantes, que nos levam a questionar os nossos comportamentos, um convite a alimentar e a fortalecer a nossa fé, a acreditar que o bem vencerá o mal!
    Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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