Ao saber que João tinha
sido preso, Jesus retirou-se de Nazaré para Cafarnaum e dali começou a pregar o
arrependimento em virtude da proximidade do reino dos céus.
Num primeiro momento
parece que Jesus prossegue a missão de João, parece que se situa na
continuidade, como um discípulo que sente necessidade de continuar a missão do
mestre após o seu desaparecimento.
Contudo, quando
olhamos com um pouco de atenção percebemos que há de facto entre Jesus e João
uma ruptura, uma perspectiva completamente diferente, que é denunciada antes de
mais pela própria localização espacial de actuação.
João tinha-se retirado
para o deserto e junto ao rio Jordão baptizava todos os que pertenciam ao povo
e que se aproximavam com um espirito de conversão. Pelo contrário, Jesus
revela-se na cidade, junto das multidões, faz o seu anúncio num espaço e
contexto em que todos se podem aproximar. Cafarnaum é a cidade da estrada do
mar, ponto de confluência de povos, da diversidade racial e cultural.
João, apesar do
deserto, não deixa de se manter no coração da tradição, no eixo estrutural do
templo e da lei, enquanto Jesus vai até às fronteiras, vai até junto daqueles
que eram marginalizados e excluídos pela lei, contesta a religião do templo.
Jesus não espera que
os homens venham ter com ele, mas vai ao seu encontro, e esta iniciativa de
Jesus é para nós um motivo de esperança e de confiança, até um apelo premente à
vigilância, pois se estivermos atentos e vigilantes podemos encontrar-nos com
Jesus nos nossos mundos mais sombrios, nas nossas andanças mais errantes.
Nas nossas trevas e no
nosso sofrimento Jesus vem ao nosso encontro, na nossa exclusão e marginalidade
não nos deixa sozinhos nem abandonados. Motivo mais que suficiente para não
desesperarmos.
Contudo, esta
esperança e confiança, a vigilância que lhe é necessária, não nos isenta de uma
alteração de vida, da conversão. Nas fronteiras em que Jesus nos pode alcançar
ecoará sempre o convite à mudança de vida, a proclamação da necessidade de uma
outra vida.
Saibamos pois estar
atentos, perceber a voz de Jesus no meio da multidão, no meio de tantas
solicitações e ruídos que caracterizam a cidade, da diversidade das situações
em que nos movemos.
Mantenhamos a confiança em Jesus, mesmo que os dias sejam difíceis e a mudança complicada, mas aprendamos a parar para ouvir o que Ele nos segreda, no meio do ruído e da confusão. Inter Pars
ResponderEliminarCaro Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo salientar-nos a forma substancialmente diferente escolhida por João e Jesus para pregar a necessidade do arrependimento em virtude da proximidade do reino dos céus, recorda-nos que ...” Jesus não espera que os homens venham ter com ele, mas vai ao seu encontro, e esta iniciativa de Jesus é para nós um motivo de esperança e de confiança, até um apelo premente à vigilância, pois se estivermos atentos e vigilantes podemos encontrar-nos com Jesus nos nossos mundos mais sombrios, nas nossas andanças mais errantes.”…
E, como nos salienta …”esta esperança e confiança, a vigilância que lhe é necessária, não nos isenta de uma alteração de vida, da conversão.” …
Mas, Frei José Carlos, se a vontade de conversão é necessária, se a fé, a humildade, a confiança e a esperança no amor e na misericórdia de Jesus são fundamentais, permita-me que me questione se o anúncio da mensagem cristã feito pela igreja é o mais adequado ao acolhimento, à conversão dos que mais necessitam ou buscam Jesus.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação que nos questiona e conforta ao lembrar-nos que …”Nas nossas trevas e no nosso sofrimento Jesus vem ao nosso encontro, na nossa exclusão e marginalidade não nos deixa sozinhos nem abandonados. Motivo mais que suficiente para não desesperarmos.”…
Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Votos de boa semana. Bom descanso.
Um abraço mui fraterno e amigo,
Maria José Silva