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A missão de Jesus, as
suas acções e gestos provocaram inevitavelmente comentários, murmúrios, uma
onda de insinuações que rapidamente alcançou a casa da família.
É devido a essas
insinuações, aos boatos malévolos que começaram a circular, que a sua mãe e os
seus irmãos se põem em caminho para o encontrar e trazer de volta a casa.
Mas eis que ao encontrá-lo
se deparam com uma situação que no mínimo lhes barra o acesso, uma multidão aglomera-se
à volta de Jesus e impede-os de chegar perto, impede-os mesmo de entrar na casa
na qual Jesus se encontra.
Estabelece-se assim
uma fronteira, como que dois mundos, que rapidamente na palavra de Jesus
assumem sentidos contrários, pois há uns que estão dentro e há outros que estão
fora, há uns que escutam a palavra e a põem em prática e há outros que não
passam da escuta.
E surpreendentemente
aqueles, ou melhor, aquela que escuta a palavra e a põe em prática encontra-se
fora, impossibilitada de se aproximar, é uma das excluídas do grupo que se
encontra dentro e à escuta.
A palavra de Jesus é
assim cortante como uma espada e deixa-nos suspensos nas nossas próprias fronteiras,
nas etiquetas que tantas vezes colocamos uns aos outros.
Quem pode dizer que o
que está fora não se encontra dentro e quem está dentro não se encontra fora? Em
que base se fundam as nossas fronteiras que tantas vezes têm deixado irmãos do
lado de fora?
De facto aqueles que
se consideram dentro podem estar verdadeiramente fora na medida em que não
vivem de acordo com a vontade de Deus, e aqueles que se encontram fora podem
estar mais dentro do que cremos, ou do que eles mesmos se imaginam, na medida
em que vivem na vontade de Deus.
Jesus desafia-nos
assim a ter muita atenção face à liberdade do Espirito, às formas tantas vezes
dolorosas como coarctamos a liberdade de acção do Espirito.
Saibamos acolher com
alegria a grande diversidade da vida, a multiplicidade dos dons, a liberdade do
Espirito que sopra mas não sabemos de onde vem nem para onde vai.
Como discípulos de
Jesus a missão que nos confiada foi a de acolher, a de agregar, a de fazer
crescer a família cristã na liberdade e no amor. Não é fácil, também não o foi
para Jesus, mas sabemos que vale a pena.
Ilustração: “Jesus despede-se
de sua mãe”, de Piotr Stachiewicz, Museu Nacional de Varsóvia.
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio e volto a ler o texto da Meditação que teceu e enquanto reflicto vou ouvindo um pouco de música sacra para respirar fundo. Em todas as fases e dimensões da vida é tão fácil cair em tentação, na maledicência relativamente ao outro, nosso irmão, fabricando, por vezes, sem cessar, uma espécie de cola duradoira e demolidora que ajuda a cimentar os limites, as fronteiras e não a esbatê-las, sem sermos capazes de compreender que uma certa forma de traça vai-nos roendo interiormente e na relação que somos chamados a estabelecer com verdade com Deus e o outro. Perguntamo-nos tantas vezes onde cabe o Amor a Deus e ao próximo, a caridade, a humildade, a fraternidade tão escutadas, lidas, escritas com transparência ou camufladas? Só a unidade pode fortalecer-nos, mas a uniformidade empobrece-nos espiritualmente e em todos os domínios e impede-nos de viver a Aventura interior, de confiarmos que somos amados por Deus e que constituímos uma Família universal, perante a qual somos chamados a dar testemunho.
Permita-me, Frei José Carlos, que respigue alguns excertos do texto que me tocam ...” Jesus desafia-nos assim a ter muita atenção face à liberdade do Espirito, às formas tantas vezes dolorosas como coarctamos a liberdade de acção do Espirito.
Saibamos acolher com alegria a grande diversidade da vida, a multiplicidade dos dons, a liberdade do Espirito que sopra mas não sabemos de onde vem nem para onde vai.
Como discípulos de Jesus a missão que nos confiada foi a de acolher, a de agregar, a de fazer crescer a família cristã na liberdade e no amor. Não é fácil, também não o foi para Jesus, mas sabemos que vale a pena.”
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, que nos desafiam e levam-nos aos lugares mais recônditos do nosso ser, por recordar-nos que …”A palavra de Jesus é assim cortante como uma espada e deixa-nos suspensos nas nossas próprias fronteiras, nas etiquetas que tantas vezes colocamos uns aos outros.” Bem-haja pela ternura da ilustração.
Continuação de uma boa semana. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Um abraço mui fraterno e amigo,
Maria José Silva