sábado, 4 de janeiro de 2014

Jesus voltou-se e olhou-os. (Jo 1,38)

É após o baptismo no rio Jordão e a indicação de João que dois homens começam a seguir Jesus. Pouco mais tarde é-nos dito que um deles é André, irmão de Simão Pedro. O outro permanece no desconhecido, sem identificação, assumindo por isso a identidade do discípulo que Jesus amava.
Estes dois amigos e discípulos de João Baptista seguem Jesus de longe, timidamente, um pouco envergonhados pela ousadia de seguirem aquele que afinal desconhecem, de quem apenas sabem que devem seguir devido à indicação de João Baptista.
Já um pouco afastados da beira do rio, e certamente devido a algum ruido inadvertido, Jesus volta-se para trás e descobre-os, encontra-se com eles, surpreende-se, admira-se, e podemos dizer que se apaixona por eles. E como não podia deixar de ser, pergunta-lhes: “Que procurais?”.
É sintomática esta paixão de Jesus face àqueles que o procuram, como também e tão bem podemos constatar no encontro com o jovem rico. Jesus admira-se e apaixona-se por aqueles que arriscam segui-lo, por aqueles que começam a procurá-lo com simplicidade e humildade, até com timidez.
Jesus alegra-se com o nosso desejo, com o nosso compromisso, com a nossa vontade de ir atrás dele, com a liberdade e generosidade com que procuramos segui-lo. Jesus não é indiferente aos nossos passos, aos nossos primeiros passos tantas vezes vacilantes e incertos.
E quando se apercebe do nosso caminhar, da nossa busca, não deixa de se voltar, não deixa de se prontificar a dar-nos uma resposta, a acolher-nos, e invariavelmente pergunta: “Que procurais?”
Quando nos prontificamos a seguir Jesus, ele vem ao nosso encontro, dispõe-se a caminhar connosco, e isso deveria ser uma razão para não temermos segui-lo, para seguirmos confiantes na sua peugada.
Senhor Jesus, tu vais à nossa frente, mas como é reconfortante saber que ao mínimo passo nosso te voltas e colocas ao nosso lado, nos buscas mais que nós te buscamos.

 
Ilustração: “São João Evangelista”, Benedetto Luti, Museu de Arte de Philbrook.   

2 comentários:

  1. Que mantenhamos essa certeza de que Jesus, " ao mínimo passo se volta e coloca ao nosso lado ",
    é o que peço a Deus ,cada dia, para mim e os meus amigos. Inter pars

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  2. Caro Frei José Carlos,

    Cada palavra do texto da Meditação que teceu e partilha levou-me a reflectir atentamente não só pelo conteúdo mas também pela forma como o faz, pela confiança, pela fraternidade e pela ternura com que nos comunica a Palavra.
    Permita-me que transcreva algumas passagens que me tocam especialmente e reconfortam ...” Jesus admira-se e apaixona-se por aqueles que arriscam segui-lo, por aqueles que começam a procurá-lo com simplicidade e humildade, até com timidez.
    Jesus alegra-se com o nosso desejo, com o nosso compromisso, com a nossa vontade de ir atrás dele, com a liberdade e generosidade com que procuramos segui-lo. Jesus não é indiferente aos nossos passos, aos nossos primeiros passos tantas vezes vacilantes e incertos.”…
    Que importante e recorfortante para a vida de cada um de nós, confiarmos que o Senhor espera por nós, que nos busca mais do que, por vezes, nós O buscamos.
    Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Votos de bom domingo. Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo o texto de uma oração.

    A ESTRADA
    DA LIBERDADE

    Faz-nos trilhar, Senhor, a estrada da Liberdade. Ajuda-nos a ver nos nossos braços fatigados, asas. Nos obstáculos mais hirtos, desafios que nos modelam. Nos nossos limites de hoje as portas que havemos de transpor amanhã.
    Recorda-nos em cada dia que estamos prometidos à imensidão e à transparência. Há uma Arte do Ser que fica muitas vezes ignorada: que nós a descubramos, humildes mas também vibrantes, acreditando-nos amados e por isso capazes de uma plenitude feliz.
    Que o sentido da Aventura interior se sobreponha ao nosso modo sonâmbulo e assustado. E depois de termos pedido o pão tenhamos a sabedoria de pedir ainda o desejo e o espanto.

    (In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)

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