Um homem a pregar no
deserto e a atrair multidões não podia deixar indiferentes as autoridades. Por
essa razão um grupo de sacerdotes e levitas vai de Jerusalém até às margens do
rio Jordão. Tem uma missão muito clara, reunir todas as informações necessárias
à identificação daquele que se tornou motivo de conversa e de movimentação
social e religiosa na região.
No âmbito desta
investigação, pode-se dizer que a primeira pergunta que é colocada é
perfeitamente desnecessária, um desperdício, uma vez que aqueles enviados
conheciam a família a que João pertencia, sabiam que era filho do sacerdote
Zacarias, conheciam certamente alguns daqueles que se tinham tornado seus
companheiros e discípulos.
“Quem és tu” surge assim
como uma provocação, uma armadilha, que João Baptista utiliza para se
identificar definindo-se sempre em relação a outro e à missão que lhe foi
destinada.
Respondendo aos
enviados de Jerusalém, João não se atribui nenhum título, nenhum protagonismo,
mas pelo contrário sujeita-se e submete-se à missão, à pessoa para quem deve
preparar o caminho.
João apresenta a sua
submissão filial àquele que o enviou, que lhe despertou a missão de ser a voz
que clama no deserto. João não é mais que a voz, porque a Palavra vem e já está
presente no meio dos homens.
Esta submissão e
definição filial de João Baptista é para cada um de nós cristãos um desafio,
pois também cada um de nós não pode deixar de se definir senão em relação, com
os outros e com Deus nosso criador e redentor.
É a nossa relação com
Deus, é a nossa consciência filial, somos filhos de Deus e herdeiros do Reino
com Jesus Cristo, que nos dá a razão e o sentido do nosso ser e da nossa
missão.
Necessitamos voltar
constantemente a esta consciência para não nos perdermos, para não nos
encerrarmos no nosso egocentrismo, no nosso autismo orgulhoso, e podermos
realizar plenamente a nossa identidade, a nossa existência.
Saibamos como João
viver a radicalidade da nossa identidade, acolhendo o centro e o fim que não
somos nós, mas o Outro que se nos apresenta e interpela.
Não será importante que cada um de nós se pergunte "Quem sou eu?" para nos podermos colocar no nosso lugar, livres de todo o egoismo mas também de toda a frustração e acolhermos o Outro que é e nos quer filhos de Deus? Inter Pars
ResponderEliminarCaro Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto da Meditação que teceu ao abordar o testemunho de João Baptista quando interrogado pelo grupo de sacerdotes e levitas quando se encontra no rio Jordão, em que o mesmo responde à pergunta “Quem és tu” definindo-se sempre em relação a outro e à missão que lhe foi destinada, leva-nos mais além, e à importância da noção de “alteridade” na educação e ao longo da vida de cada um de nós, sejamos crentes ou não-crentes.
Como nos salienta a …”submissão e definição filial de João Baptista é para cada um de nós cristãos um desafio, pois também cada um de nós não pode deixar de se definir senão em relação, com os outros e com Deus nosso criador e redentor.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha do texto da Meditação, importante, que nos desafia, que nos questiona, por recordar-nos que ...” É a nossa relação com Deus, é a nossa consciência filial, somos filhos de Deus e herdeiros do Reino com Jesus Cristo, que nos dá a razão e o sentido do nosso ser e da nossa missão”, e que “Necessitamos voltar constantemente a esta consciência para não nos perdermos, para não nos encerrarmos no nosso egocentrismo, no nosso autismo orgulhoso, e podermos realizar plenamente a nossa identidade, a nossa existência.”…
Bem-haja. Que o Senhor o abençoe e o proteja.
Bom descanso.
Um abraço fraterno e amigo,
Mria José Silva