quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Missa da manhã do Ano Novo

Do pavio negro de queimado um traço errante se eleva,
Um fio de fumo branco serpenteia pelo ar.
Vamos em paz que o Senhor nos acompanha!
A Missa terminou!
Saímos de mansinho, fora o vento sussurra e a chuva
Bate mansa no granito cinzento dos degraus da igreja.
Dentro, na penumbra ficam os lugares vazios,
E os santos que do alto nos espreitam e vigiam,
Cortesãos da glória que nos convidam e esperam.
Primeira Missa do primeiro dia do ano novo,
Às primeiras horas da manhã, silenciosa.
A Virgem Mãe em seu coração contempla e medita
As histórias dos pastores e os fiéis madrugadores
Cujos corpos o frio não vergou nem a noite esgotou.
Humildes, encaracolados nas suas roupas de inverno
Vieram à bênção do ano novo, apresentar-se,
Como sentinelas que desde a aurora esperam o seu Senhor.
Agora regressam aos seus, levando nos lábios
O perfume do menino que beijaram com ternura.
Regressam carregados com o dom da bênção recebida
A paz tão desejada ao mundo ainda adormecido.

 

Ilustração: Vitral da igreja de Vernier, Suíça.

2 comentários:

  1. Caro Frei José Carlos,

    Profunda e bela partilha do poema que elaborou sobre a “Missa da manhã do Ano Novo” que nos leva à Solenidade que celebrou mas ao contexto em que a mesma se realizou. Bem-haja. Foi bom soletrar e saborear cada palavra. Que o Senhor o cumule de todas as bênçãos.
    Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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  2. Que bonito, Frei José Carlos! Com que ternura vê os que chegam tão cedinho à missa da manhã, contextualizando-os com o espaço envolvente. Que bem burilou a palavra que se transforma em arte visual. Só um coração feliz pode partilhar connosco estes seus pensamentos.
    Um fraterno abraço.
    Sempre presente,
    GVA

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