Jesus dirige-se à
sinagoga de Cafarnaum como costumava fazer todos os sábados. Vai com o seu
grupo de discípulos, recentemente reunido, respondendo-lhes de certa forma à
pergunta que tinham feito pouco depois do baptismo no Jordão, “onde moras”.
Jesus mora também na
sinagoga, no espaço da escuta da Lei e dos Profetas, e era necessário que os
discípulos percebessem que ele era a Palavra viva cujo eco se ouvia naquele
espaço, o Verbo que na Lei e pelos Profetas se oferecia ao povo eleito naquele
espaço.
Esta entrada na sinagoga
é ocasião para um confronto, confronto que se mantém constante em toda a
primeira parte do Evangelho de São Marcos, o confronto com o espirito das
trevas, com o mal que aprisiona o homem.
Manifestando o seu
conhecimento ancestral, o espirito impuro que possuía um homem revela a todos
os presentes quem é Jesus, o Santo de Deus, ainda que nenhum dos presentes o
compreenda, tome verdadeiro conhecimento e sentido do que é proferido.
Tal como aconteceu com
o primeiro homem, o mal insinua-se, afronta o homem Jesus com a provocação da
sua identidade e do seu poder, estende uma rede que convida à resposta, a um
aprisionamento na provocação.
Esta provocação mostra
que o espirito não está equivocado, que sabe muito bem quem tem diante de si, e
que essa presença é de facto uma ameaça, representa o seu fim, ele sabe que
aquele homem tem o poder divino para o destruir.
Evitando a armadilha
da sedução, Jesus corta toda a hipótese de diálogo, e com autoridade ordena
apenas que o espirito se cale e abandone aquele homem. Jesus manifesta o seu
poder, a sua autoridade, revela aos discípulos e a todos os presentes que há um
tempo novo, que a vitória sobre o mal está em processo, e ele é essa vitória.
Graças a Deus podemos
dizer que não estamos possuídos pelo mal, mas já não podemos dizer que não tenhamos
pactuado com este mesmo mal, que em certos momentos não nos tenhamos deixado
seduzir, encantar pelas suas palavras que manifestam o poder que há em nós.
Face a estas
capitulações necessitamos recordar a força da palavra de Jesus, recordar que não
podemos responder ao espirito impuro do mal, entrar em diálogo com ele, mas tal
como Jesus exprimir a nossa fé reduzindo-o ao silêncio, expulsando-o com a
autoridade de Jesus nossa vitória sobre o mal.
Que a Palavra de Jesus
ganhe autoridade na nossa vida e todo o mal seja por ela expulso.
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarFiquei longamente a reflectir no Evangelho do dia de hoje e no texto da Meditação que elaborou e partilha. E, pergunto-me, o que leva muitos de nós a andarmos cansados, desiludidos com a realidade. A injustiça, o sofrimento que nos cerca, a hipocrisia do que se ouve, lê ou a que se assiste como de uma representação permanente se tratasse, de instâncias que deviam estar acima de qualquer falta de transparência? E, cumulativamente e individualmente falta-nos fé, como Jesus recordou ao discípulo Pedro quando duvidou (Mt 14, 22-33).
Sabemos que é necessário e importante conseguirmos descentrar-nos mas atitude nem sempre fácil no actual contexto. Há um único caminho a fazer que é o caminho de Jesus. Como nos salienta ...” necessitamos recordar a força da palavra de Jesus, recordar que não podemos responder ao espirito impuro do mal”… .
Bem-haja. Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos ajudam a reflectir, que nos questionam.
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Um abraço fraterno e amigo,
Maria José Silva