segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Pegou na enxerga e foi glorificando a Deus! (lc 5,25)


As histórias de Jesus não são simples, muitas vezes desenvolvem-se num enredo que nos obriga a uma paragem, a um olhar mais atento.
É o caso do paralítico que é introduzido junto de Jesus pelo telhado, uma vez que aqueles que o transportavam não conseguiam passar a multidão aglomerada diante da porta.
Espectáculo excepcional, inusitado, e que nos mostra a confiança daqueles homens e muito particularmente daquele paralítico, certamente vexado pela multidão face à ousadia de aparecer como caído do céu.
Para Jesus o objectivo é bem claro desde o primeiro momento e os fins são proporcionados ao que se pretende, encontrar-se face a face com Jesus para ser curado.
Cura que passa antes de mais pelo perdão dos pecados, pela restituição da dignidade como filho de Deus. Só depois acontece a cura física que não é mais que uma manifestação, um sinal, da cura interiormente operada.
Como consequência do perdão e da cura realizadas a invectiva de Jesus é clara, aquele homem deve levantar-se, pegar na sua enxerga e ir para casa. Há uma nova vida, este é o começo dessa nova vida e portanto não pode permanecer ali nem deixar a sua enxerga para trás.
Ao sair carregando a sua enxerga, o Evangelho mostra-nos que aquele homem assume a sua condição, o seu passado, e certamente o seu pecado, mas é só carregando com ele que pode partir glorificando o Senhor.
Também nós, quando carregamos com as nossas fraquezas e debilidades, com as nossas faltas e pecados, transformados pelo perdão de Deus, podemos seguir em frente na nossa vida e glorificar o Senhor. Porque os nossos pecados foram perdoados, transportamos já connosco o dom do perdão e da salvação, e portanto louvamos a Deus pela graça alcançada, pelo tesouro de uma vida nova que nos confiou.

 
Ilustração:
“A crua do paralítico”, vitral da Catedral de Saint Colmans, Cobh, Irlanda.

3 comentários:

  1. Realmente é mais importante olhar o futuro e carregar a Graça do perdão que ficar lamentando o passado sem dar o passo que nos levaria a uma vida nova. Inter pars

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  2. Frei José Carlos,

    Ao ler tão belo texto fiquei maravilhada,é mesmo um espectáculo excepcional,inusitado,e que nos mostra a confiança daqueles homens e muito particularmente daquele paralítico.
    O Evangelho mostra-nos que aquele homem assume a sua condição,o seu passado,e certamente o seu pecado.Também nós,quando carregamos com as nossas fraquezas e debilidades,com as nossas faltas e pecados,transformados pelo perdão de Deus,podemos seguir em frente na nossa vida com maior alegria e glorificar o Senhor!Porque os nossos pecados foram perdoados,transportamos já connosco o dom do perdão e da salvação,e portanto louvamos a Deus pela graça alcançada,pelo tesouro de uma vida nova que nos confiou.
    Obrigada,Frei José Carlos,pelas palavras profundas e maravilhosamente belas,que nos ajudam a reflectir com mais profundidade nesta segunda semana de Advento e também pela excelente ilustração.Bem-haja.
    Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.Continuação de uma boa semana,com paz e alegria.Um bom descanso.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  3. Caro Frei José Carlos,

    Hesito muito em escrever duas linhas sobre a reflexão que partilha desde o dia em que a li. Imagino Jesus a dar testemunho, a ensinar no Templo, passando a maior parte do tempo no exterior, nas periferias, a ir ao encontro do outro, acolhendo todos, em especial, os que mais precisavam, levando-os ao caminho da fé, da verdade, da partilha do amor e dos bens, ..., e ... perdoando com amor e misericórdia as fragilidades e defeitos do seu próximo, sem “consultar qualquer livro de direito” para saber se o devia perdoar... E, como, ao longo dos séculos, institucionalmente, foi feita a apropriação da Palavra!
    Concordo plenamente com o Frei José Carlos quando afirma que ...” Também nós, quando carregamos com as nossas fraquezas e debilidades, com as nossas faltas e pecados, transformados pelo perdão de Deus, podemos seguir em frente na nossa vida e glorificar o Senhor”... mas sabemos que a realidade é substancialmente diferente!
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da meditação que nos desinstala, e nos leva a transformar o passado, para viver o presente, olhando o futuro. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

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