A passagem no dia de ontem por Madrid permitiu-se visitar a exposição que está patente no Palácio Real de Madrid sobre os Tesouros e as Colecções da Polónia e que ali se manterá até ao dia 4 de Setembro próximo.
Através de várias dezenas de obras é possível vislumbrar a riqueza artística de um povo e de uma nação que por várias vezes viu o seu território dividido por outros povos, vivendo por diversas circunstâncias na fronteira entre o ocidente e o oriente ou funcionando como tampão às invasões bárbaras do oriente. É possível ainda ver alguns exemplos dos tesouros da arte europeia que os seus príncipes coleccionaram apaixonadamente durante o século dezanove, como a “Dama do Arminho” de Leonardo da Vinci.
Entre os diversos núcleos que compõem a exposição, destaca-se um dedicado à morte e às pompas fúnebres dos grandes senhores. É aí que se pode encontrar um painel intitulado a “Dança da Morte”, uma pintura dos finais do século dezassete com quadras populares em cartelas que identificam as cenas representadas e os diversos personagens.
Se falo dela aqui, e a apresento, não é por ser a mais bela da exposição, neste aspecto deixou-me surpreendido pelo realismo a pintura de Rembrandt “Menina numa moldura”, uma das obras de colecção principesca, mas é porque no conjunto das cenas macabras da morte nos encontramos presentes, os dominicanos.
Do lado direito da pintura, e na cena que se encontra mesmo a meio do quadro, aí nos encontramos representados, sobre a quadra que diz: “Dizem os cónegos que os curas não devem bailar, mas os santos capelães vão em uníssono à dança”.
Tendo como tema a dança da morte, que a todos atinge, os cónegos e os religiosos não ficam de fora, também eles entram na dança apesar dos seus juízos, dos seus cuidados e das proibições. É uma realidade inevitável e por isso, e como diz outra quadra, é melhor que a aceitemos e em cada dia bailemos com ela.
Fica a partilha, pelo curioso da representação e pela referência histórica e iconográfica à presença Dominicana na Polónia.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada pela partilha, pela divulgação da exposição, informando-nos da diversidade e riqueza que a mesma encerra, lembrando-nos das dificuldades que diferentes povos europeus encontraram e encontram para preservarem alguns dos seus tesouros. Afinal, é tão recente e tão precária a estabilidade política na Europa ...
A pintura com que ilustra a partilha, curiosa, fazendo referência à presença Dominicana na Polónia, leva-me a interrogar se a morte física até início do século passado não era encarada com mais serenidade, com mais naturalidade. Esta pode ser uma das explicações para que a morte tenha sido tema de vários pintores.
Como nos recorda, sendo a morte ...” uma realidade inevitável e por isso, e como diz outra quadra, é melhor que a aceitemos e em cada dia bailemos com ela.” Aceitemo-la como uma “dança”, com a esperança de uma passagem para uma outra vida.
Bom regresso. Continuação de boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva