À primeira vista estas palavras de Jesus soam como a publicidade enganosa, pois como é possível ter confiança em alguém que está condenado à morte, que aparentemente se apresenta como um fracasso face às expectativas geradas ao seu redor e em relação a si.
Que vitória tinha alcançado sobre os seus inimigos, sobre as tramas que se urdiam para o entregar à morte, para o fazer desaparecer? E mesmo junto dos seus amigos que garantia tinha de que podia confiar neles, que não o abandonariam no momento em que mais necessitaria deles, que era verdadeiramente o seu líder?
Contudo, é nesta perda, nesta derrota total e visível aos olhos humanos que se tece a vitória, porque não é uma vitória obtida com força, com poder ou com dinheiro, com qualquer realidade corruptível e por isso finita. Não são as forças e os poderes deste mundo e as suas influências que asseguram a vitória.
Bem pelo contrário, é na total ausência de tudo isso e na total confiança no amor do Pai que se vislumbra a vitória possível. Um amor eterno e total, gratuito e sem contrapartidas que é capaz de vencer qualquer inimigo, mesmo o mais acicatado como é a morte.
“Eu não estou só, o Pai está comigo”, diz Jesus, e é desta confiança, desta fé que nasce o poder de vencer o mundo, porque apesar de aparentemente só, Jesus está acompanhado daquele que é a presença, que é a relação por natureza, que é o criador e senhor de todas as coisas, mesmo as do mundo que parecem querer vencê-lo. É desta participação e desta unidade íntima que nasce a força para vencer todos os desafios, todos os embates e o mundo no qual se encerra a morte.
Neste sentido, o apelo que Jesus faz aos seus discípulos e a cada um de nós fundamenta-se nesta intimidade e no convite à sua participação. Também nós, cada um de nós, pela intimidade com o Pai, e através do Filho, podemos vencer o mundo e as suas ameaças de morte. Resta-nos apenas ter confiança, essa confiança que Jesus manifestava, porque se sabia acompanhado como nós estamos acompanhados.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por nos recordar as palavras que Jesus dirigiu aos discípulos “Tende confiança, eu venci o mundo (Jo 16,33)” e como nos diz dirigem-se também a cada um de nós e dão-nos confiança e coragem para ultrapassarmos as nossas fragilidades, vencermos as nossas dificuldades, pela “intimidade com o Pai, e através do Filho”.
Peçamos ao Senhor que reforce a nossa fé e ilumine o Caminho até Deus.
Obrigada Frei José Carlos pela partilha que nos encoraja e nos compromete. Bem haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva