sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ninguém vos poderá tirar a vossa alegria (Jo 16,22)

Há no mistério e na pessoa de Jesus uma abrangência das realidades tão vasta e tão profunda que quando pensamos nela ficamos abismados com tamanha grandeza e vastidão, com tamanho amor. Até custa a acreditar.
E nesta passagem do Evangelho de São João, nesta promessa de uma alegria que não nos poderá ser tirada, encontramos esse grande e profundo amor de Deus, esse abismo de uma oferta que não nos pode deixar indiferentes.
No mistério da Incarnação o Filho de Deus assumiu a nossa condição humana, fez-se em tudo semelhante ao homem, excepto no pecado. Nessa Incarnação assumiu toda a radicalidade da vida humana e por isso fez a experiência da morte, para nos resgatar dessa mesma morte, para que a morte não tivesse a última palavra sobre a vida dos homens.
No mistério da Ressurreição, o Filho do Homem que regressa ao seio do Pai celeste, assume toda a história da humanidade e tudo o que tinha operado por ela, reclama o mistério da redenção realizado por amor e pela entrega da sua vida. E ao fazê-lo deixa àqueles que acreditam nele a promessa da sua presença e da sua alegria.
Ausente aos olhos físicos permanece presente no Espírito e no amor que une os discípulos, aqueles que optam por segui-lo nas suas vidas precárias e frágeis. Permanece na força e na luz que conforta e ilumina o fazer humano.
E à luz destes dois mistérios, destas duas formas de presença, a humana da Incarnação e a espiritual da Ressurreição, percebemos o quanto esta história de Deus com os homens tem uma tremenda carga de solidariedade. Deus solidariza-se com a humanidade sofredora para a libertar desse sofrimento e depois fá-la participar da alegria da eternidade, do Reino celestial aberto por essa entrega de amor.
Desta forma, a alegria é um dom que verdadeiramente ninguém nos poderá tirar, ninguém nos poderá roubar, porque ela não é da ordem deste mundo, não é da ordem do quantificável nem do comerciável, é um puro dom, uma forma de participação já na eternidade e no gozo da contemplação da face de Deus.
Pelo que nos fica um grande convite, ou desafio, o de viver a alegria com essa certeza de que nos foi oferecida como participação na eternidade de Deus e portanto nada nem ninguém nos poderá privar da oferta que Deus nos faz, tal como ninguém nos pode privar da redenção realizada por Jesus, acreditemos ou não nela. Ambas as realidades são puros dons de Deus àqueles que os quiserem receber.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Não nos devemos deixar aprisionar no sofrimento, na dor, na tristeza, porque como nos diz ...”no mistério da Ressurreição, o Filho do Homem que regressa ao seio do Pai celeste, (…) deixa àqueles que acreditam nele a promessa da sua presença e da sua alegria.”…
    Bem haja por nos recordar que …”Deus solidariza-se com a humanidade sofredora para a libertar desse sofrimento e depois fá-la participar da alegria da eternidade, do Reino celestial aberto por essa entrega de amor.
    Desta forma, a alegria é um dom que verdadeiramente ninguém nos poderá tirar, ninguém nos poderá roubar, porque ela não é da ordem deste mundo”…
    Peçamos ao Senhor que nos reforce a fé para acreditarmos o grande convite, ou desafio que nos faz, Frei José Carlos: “o de viver a alegria com a certeza de que nos foi oferecida como participação na eternidade de Deus e portanto nada nem ninguém nos poderá privar da oferta que Deus nos faz”…
    Obrigada pela partilha do texto que elaborou e que ilustrou de forma tão bela. Leva-nos a reflectir de forma profunda no amor, na generosidade e na solidariedade de Deus para com a humanidade e no mistério e na pessoa de Jesus. Bem haja.
    Votos de um bom fim-de-semana, Frei josé Carlos.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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