quinta-feira, 2 de junho de 2011

A vossa tristeza converter-se-á em alegria (Jo 16,20)

Esta promessa de Jesus, de que a tristeza se converterá em alegria, esbarra muitas vezes na tristeza em que teimamos viver, como se a alegria fosse um dom demasiado difícil de alcançar. Cristãmente parece que não queremos passar da Sexta-feira Santa, que não queremos viver a manhã de Páscoa e gozar da alegria da ressurreição.
E contudo, quando Jesus faz esta promessa aos discípulos tem bem presente o sofrimento que o espera, a tragédia que se vai abater sobre o grupo, e por isso mesmo é necessário prepará-los, abrir-lhes a porta a um futuro que não podem imaginar face ao que se vai processar e às expectativas que verão cair por terra, porque falsas.
Há de facto um momento de tristeza, um momento de morte violenta que atingirá não só o corpo do Mestre mas também todo o corpo relacional dos discípulos. Todos estarão expostos a essa morte e a essa violência, mas para além delas brilha e vislumbra-se uma presença, uma outra presença que não se reduz ao físico, mas que é Espírito e por isso permanece sem fronteiras e sem barreiras.
E é essa presença espiritual, ressuscitada, que garante e suporta a alegria, que permite que a tristeza do desaparecimento seja de facto passageira, uma vez que há uma esperança de presença a toda a prova e inviolável. A morte e o desaparecimento não são o fim, mas apenas um processo, doloroso inquestionavelmente, pelo qual é necessário passar.
Neste sentido a promessa de Jesus surge-nos com um poder desafiante tremendo, pois também nós e face a tantas trevas, a tantas dúvidas e a um sofrimento e morte certos, somos convidados a viver na alegria da esperança e da confiança de que há uma presença que nos acompanha e nos garante que o Filho do Homem e Filho de Deus venceu o mundo e venceu a morte.
Essa presença é o Espírito Santo que nos recorda o que Jesus disse e fez por nós, mas que também nos faz participantes da relação de vida que existe entre o Filho e o Pai, uma relação eterna e imutável e na qual fomos assumidos em pleno.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Ao recordar-nos “a promessa de Jesus aos discípulos de que a tristeza se converterá em alegria”, lembra-nos que ...” a morte e o desaparecimento não são o fim, mas apenas um processo, doloroso inquestionavelmente, pelo qual é necessário passar.”
    Porém, a morte é sempre uma surpresa, e o período de tristeza será mais ou menos breve se acreditamos, apesar das dúvidas que tantas vezes nos invadem, como nos diz, Frei José Carlos, que há uma ...” presença espiritual, ressuscitada, que garante e suporta a alegria, que permite que a tristeza do desaparecimento seja de facto passageira, uma vez que há uma esperança de presença a toda a prova e inviolável.”
    A promessa de Jesus aos discípulos também nos concerne.
    Bem haja Frei José Carlos por nos salientar que ...” somos convidados a viver na alegria da esperança e da confiança de que há uma presença que nos acompanha e nos garante que o Filho do Homem e Filho de Deus venceu o mundo e venceu a morte.”
    Obrigada por esta partilha que ilustrou com tanta beleza e que nos reconforta particularmente.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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