sexta-feira, 13 de abril de 2012

Na margem do mar de Tiberiades (Jo 21,1)

É a terceira aparição de Jesus aos discípulos depois da ressurreição, como que para mostrar que a ressurreição não é um consolo para enfrentar a morte, a tragédia da morte. Se assim fosse de pouco serviria.
A ressurreição é a porta misteriosa, a abertura a uma realidade que se nos apresenta no mar turbulento e na noite escura da nossa vida, como uma margem segura, a terra firme em que poderemos descansar, a margem em que Jesus nos espera com a refeição pronta. É também a margem na qual Jesus nos espera para coroar os nossos trabalhos, para culminar os esforços do nosso trabalho e da escuta atenta à sua palavra.
Como Pedro e os Apóstolos podemos andar toda a noite na faina da pesca, e poderemos não apanhar nada, chegar de redes vazias. A escuta da Palavra de Jesus pode iluminar-nos na pesca e fazer com que cheguemos à margem com as redes cheias de grandes peixes.
E na margem Jesus já nos espera com o pão e o peixe sobre as brasas, indicando-nos tal como aos discípulos que não necessita dos nossos alimentos, porque o seu alimento é fazer a vontade do Pai, mas nós necessitamos do seu alimento, da refeição que ele nos preparou e nos oferece.
Neste sentido a Eucaristia apresenta-se-nos como a margem por agora possível, uma primeira experiência, um ensaio da ressurreição, pois temos ao nosso dispor o alimento do Corpo do Senhor ressuscitado, a verdade da sua Palavra, o encontro na fraternidade dos irmãos que se reúnem para apresentar a Deus as suas ofertas.
Na nossa busca e nas nossas fainas que saibamos manter os olhos firmes na margem, na qual Jesus se pode apresentar a qualquer momento para nos chamar e oferecer o alimento que preparou para nós, o seu amor que arde como um fogo.

Ilustração: “Jesus aparece nas margens do lago”, oficina de Hans Leonhard Schaufelin. Colecção deMikhail Perchenko, Rússia.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu e partilha connosco sobre a terceira aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos na margem do mar de Tiberíades recorda-nos o significado da ressureição, com profundidade. E passo a transcrever ...” A ressurreição é a porta misteriosa, a abertura a uma realidade que se nos apresenta no mar turbulento e na noite escura da nossa vida, como uma margem segura, a terra firme em que poderemos descansar, a margem em que Jesus nos espera com a refeição pronta. É também a margem na qual Jesus nos espera para coroar os nossos trabalhos, para culminar os esforços do nosso trabalho e da escuta atenta à sua palavra”. …
    Mas Frei José Carlos vai mais além, salientando-nos a importância do alimento espiritual, …” pois temos ao nosso dispor o alimento do Corpo do Senhor ressuscitado, a verdade da sua Palavra, o encontro na fraternidade dos irmãos que se reúnem para apresentar a Deus as suas ofertas.”…
    Porém, o facto de dispormos do alimento do Corpo do Senhor ressuscitado, nem sempre, muitos de nós, podemos participar. Jesus é amor “que arde como um fogo”, é misericórdia, é perdão. Parece-me necessário e razoável que a atitude da igreja seja de abertura e de inclusão face à actualidade, à situação vivida por cada um de nós.
    Permita-me que recorde as palavras de um dos irmãos dominicanos na Homilia da Ceia do Senhor, na Páscoa de 2012 ...”Hoje, nesta tarde de quinta-feira, pedimos a Deus que a Eucaristia não seja motivo de divisão entre os cristãos, mas sacramento de unidade. De pedir que a Igreja tome consciência de que não é dona da Eucaristia mas que está ao seu serviço, sem proibições nem discriminações.”…
    Peçamos ao Senhor que nos conserve a esperança que este pedido seja realidade próxima para muitos de nós.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pelo estímulo e pela força que nos dão, por relembrar-nos que …” a Eucaristia apresenta-se-nos como a margem por agora possível, uma primeira experiência, um ensaio da ressurreição”…
    Que o Senhor o abençoe e proteja. Votos de um bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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