sexta-feira, 10 de junho de 2011

Censura ao Livro Duodécimo de Sermões do Padre frei João Franco - 1741

A publicação de um livro é ainda hoje um processo longo e demorado. Mas se olharmos para os séculos passados e nomeadamente para o período em que vigorou a censura do Tribunal do Santo Oficio percebemos que esse processo era ainda mais demorado e por vezes não chegava mesmo ao fim desejado que era a publicação.
Não é o caso que aqui apresentamos, porque o autor, frei João Franco, frade da Ordem dos Pregadores, e ao tempo do terramoto de Lisboa de 1755 Prior do Convento de Lisboa, publicou várias obras durante a sua vida, ainda que hoje raras e de muito difícil acesso.
A censura, ou apreciação que lhe é feita ao último volume da colecção de Sermões, por um outro frade dominicano, frei Agostinho de São Boaventura, Padre Presentado e Pregador Geral, mostra bem da importância da sua obra e certamente da necessidade de ser recuperada e resgatada do esquecimento

“Aprovação do Muito Reverendo Padre frei Agostinho de São Boaventura, Presentado, e Pregador Geral.
Muito Reverendo Padre Mestre Provincial. Manda-me Vossa Paternidade Muito Reverenda, que veja este Duodécimo Tomo de Sermões, que o Padre Presentado Frei João Franco escreveu, e pregou, e com justíssima razão me manda, e ordena que o censure. Já o digo, é obra muito grande, muito importante, e muito necessária. Grande pela perfeição dos seus pensamentos, e discursos; importante para o exemplo; e necessária pela utilidade, que sem dúvida terão as almas, quando o lerem. Com justa razão me ordena Vossa Paternidade Muito Reverenda que o reveja, porque além de não conter coisa alguma contra a pureza da nossa Santa fé, e bons costumes, encontro nele um claro Índex do seu grande talento, tão merecedor do aplauso de todos, que fora privar a Religião, e ao Autor da glória, que destes escritos lhe resulta, o negar-se lhe a licença, que pretende. Este é o Duodécimo Tomo, que agora quer imprimir, e logo, que tive o gosto de rever o Undécimo Tomo, entendi, que neste estava a coroa, que o Autor merecia, tão luzida, como brilhante, em que nele vemos a coroa de doze Estrelas, com que lá no Apocalipse se viu coroada uma cabeça, que tinha o Sol por gala. Não digo mais, ainda que tinha mais, que dizer, que está ajustado o curso deste Sol nos doze signos, que nos doze Tomos, que escreveu, e imprimiu, ostentou. É digníssimo de se imprimir. Vossa Paternidade Muito Reverenda fará o que for servido. São Domingos, 16 de Abril 1741. Frei Agostinho de São Boaventura.”

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada pela partilha da apreciação feita ao último volume da colecção de Sermões de Frei João Franco. Apesar das dificuldades que assinala no acesso às obras deste Pregador, pela importância de que a mesma se reveste, ficamos com a esperança de que um dia o Frei José Carlos possa partilhar connosco algumas delas.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe esta partilha magnífica deste portexto,que muito gostei.Realmente agora ficamos à espera que o Frei José Carlos,quando for possível possa partilhar algo dessa beleza do Duodécimo Tomo do Frei João Franco,que acabou com chave de ouro.Muito ogrigada Frei José Carlos por tudo que partilha connosco.
    Bem haja.Um abraço fraterno.
    AD

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