sábado, 23 de março de 2013

Que vos parece, virá à festa? (Jo 11,56)

A pergunta que muitos judeus, que tinham subido a Jerusalém para a festa da Páscoa, fazem sobre a vinda ou ausência de Jesus na festa, assemelha-se a uma pergunta de sondagem, a um estudo de opinião. Que vos parece, virá ou não virá?
Podemos imaginar a diversidade de opiniões e de comentários, as contradições e os boatos, os rumores e os desmentidos, a própria busca por entre os transeuntes, os desconhecidos que chegavam a cada momento à cidade.
Por este interesse e as diversas respostas e atitudes possíveis, podemos perceber como Jesus se tinha transformado num fenómeno, sobre o qual poucas certezas há mas sobre o qual todos têm opinião.
A incerteza abre a porta à manifestação das preocupações políticas e religiosas, às baixezas dos interesses mesquinhos, ao medo da perda dos lugares de poder e influência de muitos na cidade.
Se Jesus vem à festa que será dos sacerdotes, que será dos escribas, dos governadores, daqueles que se servem do poder religioso e político para satisfazer os seus apetites?
No fundo todos sabem que se Jesus vem à festa, haverá transformações, haverá algo novo porque Jesus tem mostrado que há algo novo a despontar, há um outro mundo que é possível instaurar.
Esta consciência da novidade e da diferença vai criando um fosso cada vez maior entre Jesus e aqueles que têm o poder, um abismo vertiginoso entre Jesus e os seus opositores.
Apesar de tudo, apesar do perigo eminente, Jesus sobe à cidade santa, sobe para a festa da Páscoa, sobe para dar início a um novo mundo, ainda que da forma mais insuspeita, inimaginável, para aqueles que temiam a sua vinda. Jesus caminha livremente para a sua paixão, livre face às hostilidades contra ele.
No momento em que nos preparamos para iniciar a Semana Santa, esta caminhada livre de Jesus para Jerusalém convida-nos a contemplar a grandeza da obra de Jesus, a responder à pergunta que faziam os judeus em Jerusalém.
Que vos parece, se Jesus vem à festa, estais dispostos a acompanhá-lo?

 
Ilustração: A conspiração dos judeus, de James Tissot, Brooklyn Museum.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Quando há pouco entrei no site do Convento para fazer as leituras do Domingo de Ramos, passei pelos blogues e li o texto da Meditação que Frei José Carlos teceu e partilha. O conteúdo e o título que escolheu para a mesma levaram-me a esboçar um sorriso amargo não só pelo desenrolar dos acontecimentos que seguirão como pela actualidade da “manifestação das preocupações políticas e religiosas” na “dança das cadeiras do poder”… E este desencanto só é mitigado pelo desafio, pelo convite que nos deixa na conclusão da Meditação, ao perguntar-nos …” se Jesus vem à festa” se estamos dispostos a acompanhá-Lo. Se somos cristãos verdadeiros, pergunto, Frei José Carlos, se é possível dizer não a este convite tão belo e profundo que nos dirige quando …” nos preparamos para iniciar a Semana Santa”.
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha que nos dá coragem para viver a Morte e Paixão de Jesus e a certeza que na Vígilia Pascal cantaremos com alegria a Sua Ressureição.
    Votos de uma Boa Semana Santa.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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