A pergunta que muitos
judeus, que tinham subido a Jerusalém para a festa da Páscoa, fazem sobre a
vinda ou ausência de Jesus na festa, assemelha-se a uma pergunta de sondagem, a
um estudo de opinião. Que vos parece, virá ou não virá?
Podemos imaginar a
diversidade de opiniões e de comentários, as contradições e os boatos, os
rumores e os desmentidos, a própria busca por entre os transeuntes, os
desconhecidos que chegavam a cada momento à cidade.
Por este interesse e
as diversas respostas e atitudes possíveis, podemos perceber como Jesus se
tinha transformado num fenómeno, sobre o qual poucas certezas há mas sobre o
qual todos têm opinião.
A incerteza abre a
porta à manifestação das preocupações políticas e religiosas, às baixezas dos
interesses mesquinhos, ao medo da perda dos lugares de poder e influência de
muitos na cidade.
Se Jesus vem à festa que
será dos sacerdotes, que será dos escribas, dos governadores, daqueles que se
servem do poder religioso e político para satisfazer os seus apetites?
No fundo todos sabem
que se Jesus vem à festa, haverá transformações, haverá algo novo porque Jesus
tem mostrado que há algo novo a despontar, há um outro mundo que é possível instaurar.
Esta consciência da
novidade e da diferença vai criando um fosso cada vez maior entre Jesus e
aqueles que têm o poder, um abismo vertiginoso entre Jesus e os seus
opositores.
Apesar de tudo, apesar
do perigo eminente, Jesus sobe à cidade santa, sobe para a festa da Páscoa,
sobe para dar início a um novo mundo, ainda que da forma mais insuspeita,
inimaginável, para aqueles que temiam a sua vinda. Jesus caminha livremente
para a sua paixão, livre face às hostilidades contra ele.
No momento em que nos
preparamos para iniciar a Semana Santa, esta caminhada livre de Jesus para Jerusalém
convida-nos a contemplar a grandeza da obra de Jesus, a responder à pergunta
que faziam os judeus em Jerusalém.
Que vos parece, se
Jesus vem à festa, estais dispostos a acompanhá-lo?
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQuando há pouco entrei no site do Convento para fazer as leituras do Domingo de Ramos, passei pelos blogues e li o texto da Meditação que Frei José Carlos teceu e partilha. O conteúdo e o título que escolheu para a mesma levaram-me a esboçar um sorriso amargo não só pelo desenrolar dos acontecimentos que seguirão como pela actualidade da “manifestação das preocupações políticas e religiosas” na “dança das cadeiras do poder”… E este desencanto só é mitigado pelo desafio, pelo convite que nos deixa na conclusão da Meditação, ao perguntar-nos …” se Jesus vem à festa” se estamos dispostos a acompanhá-Lo. Se somos cristãos verdadeiros, pergunto, Frei José Carlos, se é possível dizer não a este convite tão belo e profundo que nos dirige quando …” nos preparamos para iniciar a Semana Santa”.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha que nos dá coragem para viver a Morte e Paixão de Jesus e a certeza que na Vígilia Pascal cantaremos com alegria a Sua Ressureição.
Votos de uma Boa Semana Santa.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva