Podemos perguntar-nos
se a nossa vida, naquilo que ela tem de finitude, de fragilidade, não é uma
longa marcha pelas trevas, pela noite escura, para usar uma expressão tão querida
a São João da Cruz?
Quantas vezes, quantos
dias, não fazemos essa experiência e temos essa impressão de estar rodeados de
escuridão, das trevas do sem sentido de tantas realidades, da violência que nos
alcança ou que apenas visionamos nos blocos noticiários, da doença, dos nossos defeitos
e misérias?
E no meio dessas
experiências, dessas realidades, continua a fazer-se ouvir o apelo de Jesus, “segue-me,
quem me segue não anda nas trevas”.
Mas seguir-te para
onde Senhor, se os teus passos se encaminham para Jerusalém, para um fim que
não podemos deixar de perceber desde já como uma densa treva, uma noite atroz
de sofrimento, de solidão e de morte?
A cruz é um desastre,
um desastre terrível, onde sabemos já que se experimenta a humilhação mais vil,
onde as trevas se fazem mais densas pela solidão e pelo abandono dos amigos,
onde a morte é mais ignominiosa pela exposição sem pudor do corpo maltratado.
E continuas a
dizer-nos que te sigamos, sem medo; continuas a convidar-nos sem qualquer
malícia ou subterfúgio, porque na tua experiência da noite e das trevas te
encontrastes com a vitória da ressurreição, te encontrastes com a luz do amor
que oferecestes ao Pai e te salvou das trevas.
Depois da manhã de
Páscoa deveríamos todos saber, de uma vez para sempre, que desde a tua cruz,
desde o teu sacrifício, da tua entrega de amor, as trevas como a morte não têm
já a última palavra neste mundo e na nossa história.
Na nossa vida, no
nosso coração, devia brilhar a luz, a tua luz de amor, a luz pascal da vitória
que alcançastes e nos ofereces quando decidimos seguir-te sem medo.
Que te sigamos Senhor,
confiados da luz da tua vitória e confiantes da nossa vitória contigo.
Ilustração: Jesus
carregando a cruz, de Mikhail Nesterov, Museus Estatais Russos.
Era importante perdermos o medo às trevas e seguir Jesus confiantes que com Ele as trevas se fazem luz. Era importante... mas fácil? Inter Pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarLi e reli o texto da Meditação que teceu e partilha e fiquei a reflectir nas experiências de trevas da vida de cada um de nós, “naquilo que ela tem de finitude, de fragilidade”. E como podemos vencer as trevas, Frei José Carlos, a não desistir da luz? Só a fé nos pode ajudar a restituir a esperança que vacila, a confiança no apelo de Jesus “segue-me, quem me segue não anda nas trevas”. Deixar a escuridão e reencontrar o caminho da luz requer, um combate interior, difícil, no qual a vontade individual é importante mas limitada e para o qual imploramos a intervenção divina, a ajuda do Senhor.
Como nos recorda … “Depois da manhã de Páscoa deveríamos todos saber, de uma vez para sempre, que desde a tua cruz, desde o teu sacrifício, da tua entrega de amor, as trevas como a morte não têm já a última palavra neste mundo e na nossa história.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha profunda, tecida sob a forma de um diálogo com Jesus e que nos recorda que …” na nossa vida, no nosso coração, devia brilhar a luz do Senhor, a Sua luz de amor, a luz da vitória que alcançou e nos ofereceu quando decidimos seguir-Lo sem medo”. Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Continuação de uma boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva